Do blog Cabeça de Pedra
Era diminutivo até no pseudônimo. Por ser militante metafórico do pau dos outros, se achava um revolucionário em defesa do benefício de quem lhe dava ordens – por isso, “chupar”, além do prazer, era encarado como uma missão em nome das causas. Não entendia nada, mas o que interessava era o movimento contra o que lhe diziam ser a ordem estabelecida – errada, porque não a dos próprios. Abriram espaço e ele resolveu escrever nas redes sociais, apesar de o vocabulário ser reduzido à meia dúzia de livros que lhe obrigaram a ler – e que seriam a base de uma ideologia voltada para o puxasaquismo de quem entende mais (os que estimulavam a leitura também boiavam, pois contaminados pelo vírus da ideologia burra; mas tinham a arte de manipular os mongos – e até arrancar grana dos incautos). Se achava um contestador – sim, um contestador da ideia de que era mesmo uma anta que ria sabido quando lhe abriam a braguilha para que ele praticasse os ensinamentos do tal boquete em cheios de veias com tendências esquerdistas. Escrevia logo cedinho, enquanto esperava a mãe que trabalhava durante a noite e madrugada numa boate de beira de estrada para sustentá-lo. Vagabundo, achava que o fato de ela prestar serviços a caminhoneiros em tal estabelecimento era uma espécie de contestação ao sistema capitalista. Dava a maior força, mesmo porque ela não sabia que o que ele fazia era a marca registrada de todo revolucionário cuja maior façanha era erguer o braço com o punho cerrado – mas nunca para cheirar o budum do sovaco.