por José Maschio*
À medida que surgem os nomes envolvidos na operação Carne Fraca fica evidente que o sistema de corrupção no Brasil é endêmico e sustentado, em grande parte, por uma excrescência: o foro privilegiado.
Antes que achem esse texto louco, vamos por partes. No início dos anos 90, o então deputado federal José Janene foi réu em um processo de corrupção em Foz do Iguacu (PR). Estava envolvido em licitação fraudulenta de iluminação pública. O processo subiu e Janene nunca foi a julgamento.
O foro privilegiado deu a ele liberdade para continuar a agir. E seu nome aparece, no início deste século, em grandes maracutaias em nível nacional (o Mensalão é só um exemplo para lembrar).
José Janene morreu em 2010.
Agora, homens ligados a Janene aparecem como réus na operação Carne Fraca.
Juarez José Santana, chefe do Ministério da Agricultura na regional de Londrina (PR) e Roberto Brasiliano, ex-assessor parlamentar de Janene e seu fiel escudeiro até sua morte em 2010.
Quer dizer, o idealizador dos esquemas morreu, mas seus subordinados continuaram a operar.
Brasiliano, conhecido no meio jornalístico como ´´Buldogão“ é figura `´fácil“ no norte do PR. Foi fotógrafo de colunas sociais e depois trabalhou, como repórter fotográfico, na Folha de Londrina. Saiu do jornal para trabalhar com o então prefeito Antonio Belinati (PP). Com Belinati cassado por corrupção, virou assessor de José Janene.
Não existisse o foro privilegiado,
José Janene estaria fora da política lá pelos meados da década de 90.
Ficou e comandou esquemas, com tentáculos que sobrevivem mesmo após sua morte.
*José Maschio, o “Ganchão”, foi repórter da Folha de S.Paulo
* Texto publicado no blog Paçoca com Cebola