Rogério Distéfano

O MANDATO de Michel Temer balança no TSE. Se Dilma ainda estivesse na presidência, seu mandato também balançaria. E pela mesma razão: o caixa dois da campanha, a massa maior vinda do departamento de operações estruturadas (sic) da Odebrecht, conforme depoimento recente de Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empresa, agora preso na Lava Jato.

Os advogados de Michel Temer trabalham no TSE para “cindir” a chapa: o dinheiro não veio para Temer, veio para Dilma, cabeça de chapa. Qual a qualidade deste argumento? A mesma do argumento que os petistas usavam contra a sucessão de Dilma por Temer – este não foi eleito, não teve votos, veio na caçamba do caminhão de Dilma. Isso também foi tentativa de cisão da chapa. Essa lógica aparecerá no TSE? Não, lá prevalece a lei, dificilmente lógica.

AS REDES SOCIAIS e os sites antigoverno tiveram um rápido espasmo de fúria com a decisão de Michel Temer e família desistirem de morar no Alvorada. Exigiram a devolução dos R$ 25 mil gastos na reforma. Ridículos. Como se os governos petistas não tivessem feito desperdícios. Lembram a estrela vermelha que Marisa Letícia mandou plantar no jardim do Alvorada? Quanto custou para plantar e depois para arrancar? A sagrada família devolveu o dinheiro? Os R$ 25 mil não foram desperdiçados: fez-se limpeza no palácio, indispensável depois de qualquer mudança ou processo de despejo.

EM SUA COLUNA do último domingo na Folha de S. Paulo, Elio Gaspari informa que a transposição do Rio São Francisco deu certo. Se é verdade, maravilha, mérito de quem a concebeu e conduziu, os governos Lula e Dilma. Dito isso, preparemo-nos para a litania petólatra comparando Lula a Moisés, um por transpor o rio, outro por transpor o mar. Impossível evitar, brigar com divindades leva a guerras santas.

O DEPUTADO ESTADUAL Rui Falcão, presidente nacional do PT, toma carona na libertação do goleiro Bruno, preso preventivamente há alguns anos, sem julgamento, para exigir o mesmo de José Dirceu, Delúbio Soares e João Vaccari Neto, também presos preventivamente na Operação Lava Jato. Em boa e límpida lógica, Falcão tem razão. Até hoje não se sabe o que Bruno fez com o corpo de Eliza Samúdio, de quem é acusado de ser o mandante do homicídio. Por outro lado, todos sabem, inclusive a Justiça, o que os três fizeram com o dinheiro arrancado em propinas da Petrobras. Ora, se um matou a mulher, sumiu com o corpo, foi preso e depois solto, os outros, que só feriram a Petrobras e o corpo acabou descoberto pela Justiça, devem ser soltos.