7:04No circo do aumento da passagem de ônibus

Em 2013 o Tribunal de Contas do Rio Grande do Sul conseguiu baixar o preço da tarifa de ônibus em Porto Alegre depois de desmascarar o enjambre das planilhas das empresas de ônibus. No mesmo ano aqui foi feita uma auditoria pelo TC onde se provou que a coisa é igual e que o preço da passagem poderia ser menor – e, mesmo assim, as empresas que exploram o serviço teriam lucro. O que aconteceu? Nadica. A recente paulada na moleira dos chamados usuários do transporte coletivo foi baseada em projeções de custos, ou seja, consultaram algum vidente, apresentaram a conta e a prefeitura de Curitiba nem conversou – sapecou o aumento no lombo da ninguenzada utilizando como justificativa o trololó do momento difícil da economia, da herança maldita da gestão anterior, da necessidade de os empresários coitadinhos renovarem as frotas, etc. e tal. O Ministério Público do Paraná, ao contrário da ação do similar no Rio Grande do Sul há quatro anos, fez o favor de, no meio da reação ao gesto acintoso do prefeito Rafael Greca, engavetar a denúncia sobre a expressionante licitação iniciada quando Beto Richa, o atual governador, era prefeito – e sacramentada por seu sucessor, Luciano Ducci. A licitação foi apresentada como uma novidade extraordinária, pois nunca tinha sido feita na história da cidade. Hummmmm. Aconteceu então a mudança para não mudar nada, pois as empresas da família Gulin, que dominam o setor há mais de seis décadas, ficaram com 70% do butim dividido em três lotes (em tempo: não apareceram concorrentes que se encaixassem nas especificações técnicas exigidas). Como a vida continua, ontem o Tribunal de Justiça manteve o preço da passagem e pulverizou o que poucas horas antes o Tribunal de Contas tinha ratificado na decisão de determinar a suspensão do aumento escorchante. Greca, o prefeito que foi flagrado num convescote com o poderoso Donato Gulin, o dono da maioria das empresas, logo depois de ter sacramentado o aumento da passagem de R$ 3,70 para R$ 4,25 tinha ido até o TC para informar que se a passagem baixasse, uma greve no sistema seria inevitável. Não é bonito? Então, tudo voltou ao normal, com a liminar da Justiça, e tudo ficou como antes, para variar. Ao povão que paga a conta, restou apenas responder a pergunta do grande palhaço Chacrinha, muito mais sério e verdadeiro do que os protagonistas dessa nova esbórnia da capital da província: “Como vai, vai bem? Veio a pé ou veio de trem?”

Uma ideia sobre “No circo do aumento da passagem de ônibus

  1. juca

    Tá , decisão de um juiz se cumpre e depois abre recurso. Até aí tudo bem, mas, como fica a decisão do Tribunal de Contas e qual será a reação daquele colegiado???????

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