10:35CSI:BRASÍLIA

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Alexandre de Moraes – Foto de Sergio Lima/Poder360

Rogério Distéfano

RELEVEM A INSISTÊNCIA, gostaria de não escrever mais sobre o ministro da Justiça, candidato ao STF. Acontece que o cara não ajuda, é daqueles que deixam escapar a tartaruga, a única sob sua responsabilidade. Não dá uma dentro. A última, o passeio de chalana com senadores no Lago Sul, em Brasília. Os varões assinalados a fazer a sabatina pré-sabatina. Dentro de um barco, longe da imprensa, dos fotógrafos e dos grampos. Os jornais divulgaram versões da conversa, obviamente fornecidas pelo ministro – ou por aquele assessor que escreveu as “absurdas mentiras”.

Por que homens públicos se reúnem em privado – em segredo, na verdade – para discutir assunto público, que a Constituição exige seja tratado em público, a sabatina no Senado? Por que estes homens públicos, o ministro entre eles, comportam-se como as mulheres públicas, que têm que se encontrar às escondidas, longe dos olhares da moralidade e da decência? As mulheres públicas recebem pela entrega da moral e o cliente paga pelo ganho do prazer. Diferença entre o encontro no barco senatorial e o encontro no bordel? Uma: o cliente paga com seu dinheiro, não com o nosso.

O que perguntaram ao ministro? Na versão que chega até nós, coisas triviais, como sua postura sobre a Operação Lava Jato, onde estão enroscados onze dos quatorze senadores que irão sabatinar o ministro na CCJ.  Consta que o clima esquentou quando o ministro se recusou a responder. Nem o mortadela mais fedido de alho e pintalgado de toicinho compra essa história. A menos que senadores e ministros estivessem negociando proteção recíproca.

Outra questão, relevante: se o ministro, quando no STF, receberia os senadores em seu gabinete, não no Salão Branco da casa, expondo-os em vitrine.

Sim, o ministro irá recebe-los no gabinete. Afinal, o que é um gabinete para quem se reúne em barco, no meio do lago? Alguém leva a mulher pública para transar na praça? Os senadores querem conversar com o ministro Moraes sob a penumbra cúmplice do gabinete, sem os olhares sempre curiosos de Brasília. Aqui no Brasil a gente perdeu – alguma vez tivemos? – a capacidade de estranhar a reunião a portas fechadas entre um senador e um juiz do STF. Não estranhamos porque o mais falador dos ministros do STJ foi à casa do presidente da República para indicar candidato ao STF. Qual indicado? O ministro Alexandre Moraes.

Nossos homens públicos não têm a noção do simbólico. Reunião em barco remete ao privilégio e à riqueza de servidores eleitos pelo povo a tratar de assunto de interesse do povo. Dois senadores da reunião são ricos, de riqueza privada: Sandro Mabel, fabricante de biscoitos, e Zezé Perrela, que subiu às paradas como dirigente esportivo e locador de helicóptero apreendido com carga de cocaína. Nessa hora o inconsciente nos trai e nos remete à série policial CSI:Miami, dos iates cheios de mulheres fáceis e drogas difíceis, todas ilícitas. A gente não tem mesmo domínio do inconsciente. Nem o domínio dos senadores.

4 ideias sobre “CSI:BRASÍLIA

  1. Jorge Armado

    Prezado Rogério. O ilustre ministro é do PSDB. Como todos sabem é um partido imaculado e jamais envolvido em corrupção. Não há o que temer. E se houvesse, não viria ao caso. Saudações.

  2. Alexandre rodrigues

    Tudo intriga,os senadores e afins que estavam na casa flutuante,falavam do pintassilgo que teve um mal subido ao ouvir o estampido da rabo de cotia.Os velhos desbravadores do Parana do Norte saberão bem o que significa isso.

  3. Parreiras Rodrigues

    Alguém que já viveu lá, pode me informar como é morar na Costa Rica? Custo de vida, atenção médica…

  4. MARINGÁ

    Este barco onde se reuniram, certamente não afundaria, pois estava cheio de b….
    Lembram da marchinha carnavalesca do pó royal: O Pé rela no pó …..

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