Foi atrás e conseguiu aquela metralhadora .50 que trucidou o traficante brasileiro na fronteira. Era um obcecado. A maneira de empunhar a máquina de matar foi o que o atraiu num treinamento militar há décadas. Cortou a bala o tronco de uma árvore plantada a uma centena de metros. Babou de prazer. Agora, com a trucidadora nas mãos, arquitetou o plano. Simples: subiu e ocupou o mirante que havia atrás e acima de uma mansão em bairro nobre. Dali, imaginou, poderia fazer o estrago que quisesse. Corpos dilacerados em câmera lenta como nos filmes de Sam Peckinpah era o que imaginava, como se a vida real não fosse real. Se instalou e a primeira coisa que viu foi que tinha à frente um templo religioso muito frequentado. Quando engatilhou a arma, travou. Ele travou. Jura que ouviu algo vindo da copa de uma árvore que ficava abaixo dos seus pés. “O homem não é um animal”, dizia a voz. “Não é mesmo! O homem é deus – só não aprendeu a construir”. Então, disparou. Para o alto – e de lá saltou para a purificação.