por JamurJr.
Final de tarde encontrei um velho e bom amigo que nos seus 87 anos de idade esbanja energia e leva a vida como sempre fez, com alegria, bom humor e muitos amigos. Contou que depois que se aposentou e passou o escritório de advocacia para o filho, de 45 anos, sentiu falta dos contatos que mantinha com cliente, amigos e colegas. Quando percebeu que estava ficando ranzinza e chato, entendeu que a idade e a falta de contatos com os mais jovens era responsável pela decadência que teimava em se instalar no velho corpo. O cérebro reagiu. Passou a frequentar diariamente o escritório onde os jovens advogados, com seu filho, conversavam sobre a atualidade – e com isso foi se mantendo inserido nos tempos modernos, longe das velharias que andavam perseguindo um idoso sábio e experiente, mas com cabeça de jovem. Gui não abomina a velhice, que é uma coisa natural, nem despreza os mais velhos. Contudo não deixa de se reciclar nas conversas com os mais novos em seu ex-escritório, no Centro Cívico de Curitiba. Conta ele que na ultima vez que se reuniu com os velhos companheiros de faculdade foi para comemorar os 60 anos de formatura. Encontrou quase todos os que estavam vivos. Mas a conversa, que no início se concentrou nas histórias dos bons tempos de estudante, escorregou para as condições de saúde de cada um. Aí foi um “Deus Me Acuda e Me Ajude” de todos os lados. Só falaram de enfarte de fulano, AVC não sei de quem, do câncer de próstata de outro – e foi aquele desfile de queixas sobre doenças que só acabou com o fim reunião. Gui garante que foi a última vez que se reuniu com a turma antiga para ouvir falar de doença, morte etc. Daqui pra frente, só conversa com gente mais nova. “A gente tem que viver com otimismo e alegria, minha gente ” diz ele. Como dizia um filósofo guaratubano: “Dos velhos quero a experiência e a sabedoria. Dos jovens, a alegria de viver”.
Pois é,caminho de costas,pisando nos mesmos rastros que deixei e nunca chego na minha juventude