Da Folha.com
Atriz Mary Tyler Moore, de ‘Gente como a Gente’, morre nos EUA
A atriz Mary Tyler Moore, que protagonizou sitcoms como “The Mary Tyler Moore Show” e filmes como “Gente como a Gente”, morreu nos Estados Unidos, aos 80 anos.
A informação foi confirmada nesta quarta (25) por sua agente. “Grande atriz, produtora e uma defensora apaixonada da Fundação para Pesquisa da Diabetes Juvenil, Mary será lembrada como uma visionária destemida que conquistou o mundo com seu sorriso”, disse a empresária da atriz, Mara Buxbaum, em comunicado.
Moore teve uma carreira de mais de 60 anos e encarnou a “mulher moderna na televisão”, na definição do jornal “The New York Times”.Ela lutava contra o diabetes tipo 1 desde os 33 anos de idade e passou a última semana internada num hospital no Estado de Connecticut, sob o auxílio de um respirador artificial, informou o site TMZ. Ela teve falência cardiopulmonar decorrente de uma pneumonia.
Nascida no Brooklyn em 1936, filha de uma mãe com problemas com o alcoolismo, a atriz se mudou para a Califórnia aos oito anos, onde se formou. Logo depois da formatura, casou, aos 18, e teve o único filho, Richard, em 1955.
Nessa mesma época, Moore começou como dançarina em comerciais de TV e passou a atuar em inúmeras participações em séries televisivas, que exploraram a habilidade que ela tinha em dançar e, não raro, exibiam suas pernas.
O primeiro papel de destaque veio em “The Dick Van Dyke Show”, programa que foi ao ar entre 1961 e 1966. Na série cômica, ela atua como Laura Petrie, a dona de casa e mulher de Van Dyke, que faz um roteirista de televisão. A atração rendeu um Globo de Ouro, em 1965, e dois Emmy, em 1964 e 1966, a Moore.
Nessa mesma época, ela casou pela segunda vez, dessa vez com o executivo de TV Grant Tinker.
No fim dos anos 1960, após o término do programa, Moore migrou para o cinema. Atuou com Julie Andrews em “Positivamente Millie” (1967) e com Elvis Presley em “Ele e as Três Noviças” (1969) –ela faz uma das religiosas, a irmã Michelle.
SÍMBOLO DA MULHER MODERNA
Não foi muito bem-sucedida no cinema e acabou voltando para a TV depois de certa relutância –na época, a televisão não gozava do mesmo prestígio que tem hoje, e o cinema era tido como mais nobre para os atores.
Foi nesse seu retorno que ela embarcou num programa de sucesso que levava seu nome e se tornaria o mais famoso de sua carreira: “The Mary Tyler Moore Show”, que foi ao ar a partir de 1970, com produção da própria atriz e de seu marido, Tinker.
Na série, ela interpreta Mary Richards, mulher que beira a meia-idade e que se muda para trabalhar na redação de um telejornal que enfrenta baixos índices de audiência. As agruras da ficção não se reproduziram na realidade, e “The Mary Tyler Moore Show” foi um sucesso comercial e de crítica na CBS, que o exibiu até 1977 nas noites de sábado.
A atração é tida hoje como um marco na representação feminista, já que a personagem da atriz era independente, satisfeita e não tinha a sua felicidade atrelada à companhia de um homem –ela nem era obcecada em casamento. A atriz virou um dos maiores símbolos da emancipação da mulher na década de 1970 nos EUA, que passava a discutir temas como equiparação salarial e métodos anticoncepcionais.
Moore ganhou quatro prêmios Emmy pela série, mas o sucesso do programa cobrou caro da atriz, contudo: sua imagem ficou muito associada à da personagem, que acabou ofuscando as demais empreitadas de Mary Tyler Moore na TV.
Foi no cinema que a atriz se reencontrou com o êxito. Sob a direção de Robert Redford, foi escalada para interpretar Beth, a mãe amargurada que perde o filho mais velho e desconta suas dores no mais jovem em “Gente como a Gente” (1980). O longa levou quatro prêmios no Oscar, incluindo melhor filme e diretor. Indicada como atriz, Moore não ganhou a estatueta.
Uma coincidência sinistra ocorreu no mesmo ano: Moore acabou perdendo o único filho na vida real. Richard, 25, levou um tiro acidental no que muitos consideram ter sido um caso de suicídio abafado na imprensa.
Ela se separou de Tinker no ano seguinte e casou, em 1983, com o médico Robert Levine, seu companheiro até os últimos dias.
Nos anos 1980 e começo dos 1990, alternou entre longas menos conhecidos, telefilmes (como “A Volta por Cima) e outras séries de TV, como “Mary” e “Annie McGuire, que não duraram mais do que dois anos (nessas duas últimas, fez a personagem-título).
Em 1996, David O. Russell (“A Trapaça”) a escalou para fazer uma participação em “Procurando Encrenca”, que rendeu elogios por seu retorno à veia cômica.