Texto de Yuri Vasconcelos Silva e fotos de Alexandre Lima Santos
É provável que a marca humana mais duradoura seja a construção. Feita para resistir à ação persistente da água, do vento, do calor e do gelo, esta invenção ainda poderá ser encontrada, mesmo que aos pedaços, quando nada mais existir sobre quem as construiu. Os sons, a língua, pesadelos, governos, deuses, dores, prazeres e ossos estarão apagados antes do último pedaço de construção se desfazer e retornar ao solo, enfim. A torre perdida na floresta é silenciosa. Ela não revela, de imediato, quem a construiu. Ela surge entre as árvores como surpresa ao explorador. A torre é branca, manchada de tempo. Representa um fenômeno antinatural no meio da paisagem mas, apesar disso, sua postura lhe confere cumplicidade com a floresta. A torre se ergue até a altura do mar de folhas verdes, onde o céu aparece. O explorador, no alto, sente o branco do sol com intensidade plena. Enxerga o horizonte, em uma emersão temporária de sua jornada, onde é possível experimentar, dependendo da fé, algum tipo de sensação espiritual – talvez uma das funções desta torre perdida na floresta.