por Fernando Muniz
Juntoà parede lateral do edifício, coberto por trapos velhos e sujos, recendendo a cachaça e urina, joga o velho saco e deita-se para descansar. E as horas fluem.
Ao seu lado um cãozinho saltita sem compreender o porquê de tanto imobilismo, naquela manhã fresca, boa para caminhar. Lambe aquele rosto com insistência, algo que o dito sempre detestou.
Nem os convites feitos por uma garotinha, que há tempos brinca por ali, afastam o cãozinho. Promessas de afagos e brincadeiras são respondidas com desdém.
Ela se cansa daquele balé. Some e, dali a pouco, volta com um pedaço de salsicha. O cãozinho, aflito próximo ao corpo, vira-se e fita a salsicha, dá dois saltos no mesmo lugar e volta-se ao corpo, retornando em seguida à salsicha, e, novamente, ao corpo.
E corre em disparada aos braços da garotinha.