21:38ZÉ DA SILVA

Foi salvo por uma bandeirinha lá longe no mar. Antes da linha do horizonte, mas longe. Porque naquele fim de tarde ficou deitado na rede olhando a imensidão. Houve então a invasão do sentimento de todos os que se aventuraram ao desconhecido, atraídos pela força da imensa massa de água. E os seres marinhos o chamavam também, além dos fantasmas dos cadáveres dos navios naufragados. Um batalhão de sereias apareceu – seguiam uma amazonas que da floresta se aventurou além da foz do rio imenso, cavalgando seu cavalo branco de crinas e rabo longos. Aquilo era um delírio, um sonho ou o quê? Escutou o ranger da rede. Tudo sumiu. Sacou a câmera fotográfica com uma lente de 300 mm e começou a vasculhar todo o mar disponível à sua visão. Foi aí que viu a bandeirinha. Focou e parou. Depois, um barquinho de pesca chegou. O pano colorido preso a uma boia demarcava o lugar da rede. Ele clicou e sossegou. Mas tudo que saiu do mar em sua direção ficou guardado.

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