Os do meu time não são os que sabem ou fazem de conta que. Não disfarçamos, porque nunca aprendemos isso. Somos especialistas em fugir – e o nosso medo se transforma numa coragem que ninguém tem. Brincamos de esconde-esconde com a morte, a encaramos e desafiamos sempre. Preferimos isso do que enfrentar o que chamam de vida normal, esse sim, o monstro a nos atormentar desde sempre. Às vezes tentamos até encurtar a história com o suicídio. Muitos escapam, tentam outra vez, e outra, e outra. Na verdade, mesmo sem o ato que poderia ser o fatal, a tentativa é diária pois mergulhamos até o fundo do copo, no empurrar o êmbolo da seringa, na tragada funda ou debaixo das cobertas sem reagir ao demônio do meio-dia. Meu time é especial porque sofre muitas vezes sem saber porquê e sobrevive para saber o porquê da vida. Então seus integrantes podem se considerar como milagres reais e passam a dar o verdadeiro valor à existência. Como? Simples: podem comparar. E aprendem que o que importa é o aprender, porque continuam sem saber – e não disfarçam. Meu time é formado pelos que dependem deles mesmos para sobreviver. Hoje, só por hoje.