17:52MEU BLOG POR UM REMÉDIO

Rogério Distéfano

DESCONFIO que estou na marca do pênalti deste blog. Não cometi atos de improbidade, de insubordinação ou qualquer outra falta grave. Descobri que tenho um defeito, o de ser. Não ser no sentido de existir, forma intransitiva do verbo, mas do ser transitivo, ser alguma coisa. Então o que sou? Na acepção do titular do blog, Roberto José da Silva, sou um parasita. Dos piores, um um simples nível abaixo das castas corporativas, dos políticos ladrões (relevem a redundância) e dos empreiteiros vampiros. Meu parasitismo é o de ser remediado, aquele cara que ainda pode pagar as contas em dia.

Até há pouco via com bonomia (resgatei a palavra de M. de Assis) e humor a campanha raivosa de ZB contra os ‘ricos’ que recebem remédios grátis do governo e chegam às farmácias em carros importados, as mulheres com bolsas Vuitton. Como o blogueiro não define o que significa ‘rico’, o normal básico da renda ou do patrimônio, tomo como parâmetros aqueles acima: o carro importado e a bolsa Vuitton. Então fui atingido, estou na categoria, ainda que autoqualificado de ‘remediado’: tenho um Hyunday 2014 de terceira mão e presenteei minha mulher com uma bolsa dessas – comprada no Paraguai.

Cheguei mesmo a desenvolver certo achaque persecutório. Hoje mesmo ao entrar na Farmácia Popular da Marechal, dei por mim usando óculos escuros, boné para esconder o rosto e a atitude suspeita de quem se sente seguido, observado, vigiado. Dentro da farmácia, em espera com a senha de atendimento, escondi-me atrás do jornal. Não posso viver assim. Logo, logo um desses xingadores de pseudônimo me entrega, com foto e tudo. Dou no pinote antes que o alfanje do justiceiro ZB me corte cerce (aprendi no ‘Enriqueça seu vocabulário’, da Seleções do Reader’s Digest). Antes ir pra rua que pagar remédio que me dão de graça. 

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