História curitibana. Farmácias localizadas nos bairros ditos nobres são palco de cenas como esta: a madame chega no seu carrão importado, que pode ser uma Mercedes, BMW ou Jaguar, vai ao balcão, coloca a bolsa Louis Vuitton original em cima e pede, com aquela arrogância conhecida e sotaque idem: “Já chegou o meu remédio popular?”. É o que tem acontecido frequentemente. O medicamento é de graça. Se fosse para vender, custaria dois, três, quatro, no máximo cinco reais. É a turma do andar de cima, cujos integrantes saem fantasiados com as cores da bandeira do Brasil para pedir o fim da corrupção.
Pô, Zé, a madame paga imposto para o governo. Se o governo fornece o remédio sem a cláusula de miserabilidade, ela tem direito igual a qualquer outro cidadão – e contribuinte – pobre ou não. Além disso, não são todos os remédios fornecidos de graça, apenas alguns poucos, como os para pressão arterial. Ora, a madame tem pressão mais alta que, por exemplo, sua empregada, que detona o colesterol na faxina.
Com o respeito devido ao dono do espaço, uma coisa é uma coisa, duas coisas são duas coisas. Os ricos têm grandes defeitos, o maior deles o de ter dinheiro. Mas se ela faz valer um direito, bom para ela e para o Brasil. Talvez aprenda até a votar.
Aproveito para agradecer a lembrança. Venho pagando meu remédio para pressão (baratinho, baratinho). Agora vou chegar de Monza 95, óculos de camelô, batendo na mesa com cara de auxilar de blogueiro, e perguntar: “chegou a porra do meu remédio?”.
Poderia usar o bom senso, quem pode pagar deveria deixar o medicamento gratuito para quem realmente precisa, sem entrar no mérito se é um direito ou não. É a tal Lei de Gerson, pobre Gerson, que assola o país .
Ká ká ká vi muito disto quando da campanha de vacinação contra a gripe, era aquele festival de Mercedes, BMWs, Audis e outra máquinas importadas saindo aqui do PS da Campina do Siqueira. Mas direito não é direito? O Governo não está fazendo favor a ninguém, só cumprindo a Constituição.
Então a patuléia que paga impostos, a maioria direto na fonte, não tem direito de solicitar remédios na farmácia popular? E ter os filhos em escola pública de qualidade (é piada?)? E ter atendimento decente em posto de saúde? E tantas outras coisas que, constitucionalmente, são funções de Estado? (DE Estado, não DO estado).)
NÃO. Somos da zelite e nossa função é manter os pobres e coitadinhos (além dos políticos de m@rd# de todos os níveis).