por Claudio Henrique de Castro
Aparvalhado, palerma, pacato, covarde, omisso? O brasileiro não busca seus direitos? Sim, somos o povo do jeitinho e da larga paciência com as coisas erradas. Vamos mudar?
O Brasil guarda a contradição de ser um país violentíssimo, desde a vida doméstica contra as mulheres até assassinatos escabrosos. Mas na política o brasileiro é um manso.
As razões disto? O individualismo? A falta do senso de coletividade? Os séculos e séculos de escravidão, de regimes autoritários, das ditaduras militares e civis? Ou simplesmente o imobilismo, a crença de que alguém vai fazer algo por todos e não para si e os seus?
Os professores dizem que falta a educação. Os militares, a disciplina. Para os carnavalescos, falta o samba no pé que está desaparecendo do gosto popular.
Há os que pregam a resposta pela falta de estadistas. E os espíritas respondem: eles ainda não encarnaram no Brasil.
Os céticos falam numa vocação pela submissão, pela herança católica portuguesa.
Os religiosos dizem que, do outro lado, tudo se resolve e que, portanto, deixemos que Deus resolva tudo isto. Não basta. Vamos fazer Deus trabalhar menos?
Os corruptos não dizem nada, são apenas utilitaristas e pragmáticos. Quanto é a porcentagem? Fechamos em 20%? 15%? 17,5%? Resolvido! Entrega em dinheiro vivo.
Precisamos de super-heróis, salvadores da pátria, os novos coronéis de ternos, paletós, gravatas discretas ou com camisetas suadas no sovaco.
E as corporações do Estado? Os auxílios, os subsídios, os penduricalhos, os atrasados, as equiparações, as diferenças, o faz-me rir. Todos querem tudo, insaciáveis nos pedidos e nos direitos. Mas… e os deveres?
Estamos na era dos direitos, o superlativo das garantias processuais-penais. Ninguém pode ser preso até muitas e robustas provas em contrário; criamos o direito penal e o processo penal da impunidade, do excessivo contraditório e da larga e recalcitrante ampla defesa, das penas brandas, das prescrições fáceis, dos recursos intermináveis e da indiferença coletiva.
A quem a legislação engana? Todos sabem que somos o país da impunidade e um punhado de sonhadores estão fazendo políticos e empresários perderem o sono. A prostituição de alto nível reclama pois não fatura tanto quanto antes com os investigados. O estresse, causa a impotência nos corruptos. Daí, os ganhos se reduzem.
O tráfico de entorpecentes não é pior que o tráfico de influência.
Uma revolta popular? Uma conscientização coletiva? Uma guerra civil? Uma nova ditadura? A classe política não se renovou, está contaminada no sangue dos seus sucessores que são treinados para enganar a massa manipulável e ignara.
E a classe média? Perdida nas bandeiras da direita, pelo desencanto do discurso da ética e pela safadeza da esquerda que se dizia libertária e democrática, mas que se tornou uma esquerda-caviar, que prega ideias socialistas e se farta com os milhões em contas no exterior.
Num momento crucial em que se votavam leis contra a corrupção, o projeto popular virou fumaça, voltou-se contra os combatentes da canalha. E não fazemos nada, ouvimos a música de final de ano da dona da opinião pública brasileira, onde os atores são belos, estão todos sorrindo, felizes, pelo nada.
As classes dirigentes sempre tiveram remédios para anestesiar o povo. Estes analgésicos coletivos bastam para fazer o povo esquecer de tudo e desviar o foco do que interessa.
Quais são estes analgésicos? Novelas, seriados com muito sexo, notícias policiais, as festividades religiosas, o carnaval e, o mais poderoso, o futebol. Sim, enquanto pensamos na bola, em Deus, ou na tragédia da Chapecoense, eles pensam na impunidade, na rapina, no jeitinho, na trapaça, nas leis e nos mecanismos legais da impunidade que serão aprovados em completo desacordo com a vontade popular.
O brasileiro é um palerma.
*Claudio Henrique de Castro é advogado e professor de Direito
Pois bem,o brasileiro tem todas migalhas possíveis,tem todo engodo possível e não é Palerma ele é irracional a ponto de aceitar isso.
Bolsa família 80 reais,auxilio moradia 4000 reais,cesta básica 300 reais,auxilio alimentação 2400 reais,e tem auxilio paletó,auxilio amante e vai por ai.
Notaram que tem uma casta que tem tantas benesses e gritam sempre que um centavo do seu gordo contra-cheque e tirado.
Mas os que recebem as migalhas eles gritam quando os espertos gritam,até fazem coro quando eles se sentem prejudicados e dando uma volta pela periferia,notei que a escumalha está brava com o congresso por que querem por um freio na onipotência dos magistrados.
Assim onde poderemos chegar,vamos ficar nessa bagunça,onde ninguem sabe o que fazer com o Pais,onde uma turma deita e rola e outra trabalha duro para tratar deles.
Sim, a passividade é um reflexo do egoísmo, tanto que só quando a água sobe PARA TODOS é que há traços de indignação. Mas nem sempre.
Nem todos os “religiosos”, por exemplo, são partidários da passividade redentora.
Há “religiões” e “religiões”, com nuances que extrapolam a dimensão binária.
O cristianismo tal qual mostrado pelo próprio Jesus Cristo NÃO é passivo.
Pelo contrário: convoca a todos para lutar pelos valores do Reino, já nessa concreta existência.
Exemplos não faltam, vai um aqui de Curitiba:
https://www.youtube.com/watch?v=xrdZSMlh5Ec
Abraços.
Depois de abobrol todo e, se recorrer ao Gerador de Lero Lero chego a uma conclusão muito simples, sim, somos todos uns palermas pagadores de impostos, sempre prontos e levar mais um 171 em nossas vidas.