9:22Ainda sobre a Chape…

por Sergio Brandão

Ainda na semana passada, eu publicava alguma coisa sobre a Chapecoense. Um trecho do texto, o começo dele segue abaixo. Foi no dia seguinte, quando a Chapecoense decidiu pelo Couto Pereira como sua casa na segunda partida da Sul – Americana:

Em 2012 passei um longo período em Chapecó. Uma cidade limpa, organizada, com um povo ligeiramente diferente do resto do país. Não sei se por conta da colonização, mas quase tudo em Chapecó é diferente, inclusive o sotaque. 

No futebol, naquela época, ainda prevaleciam Grêmio e Internacional. Andar pelas ruas em dia de GRENAL, dava a impressão de estar numa cidade do interior do Rio Grande, ou até mesmo em Porto Alegre.

Chapecó fica no extremo oeste catarinense, quase na divisa com o Rio Grande, da mesma forma que também está para o Estado do Paraná geograficamente. No entanto, vive as tradições gaúchas como no Rio Grande do Sul.

Vi a “Chape ”, sair da série C para a B, com partidas memoráveis na Arena Condá. Num estádio pequeno, acanhado, mas na época suficiente para abrigar os gremistas e colorados que gostavam de futebol e corriam para as tardes de domingo ou nos meios de semana para ver a Chapecoense jogar. 

A região não é rica, tem como vocação econômica a agroindústria. E são estes empresários que bancam há anos o futebol, que ficou profissional, deixando lições a quem quiser aprender como ter muito, gastando pouco.

Agora, quatro anos depois, além de ter conquistado sua identidade, a Chapecoense mobiliza a cidade, uma torcida que é maioria. 

Eu só não podia imaginar que em menos de uma semana da publicação do texto acima, toda esta história teria um fim, ou quem sabe um começo. Uma nova história. Doída, mas bonita para ser contada agora de outra forma. Bem mais dolorida que no começo, mas é uma nova história que precisa estar começando.

Estou convencido que Chapecó é uma cidade predestinada, uma cidade que tem como símbolo os desbravadores do oeste catarinense, que continuam desbravando, agora por outros caminhos, de outra forma. 

Com vítimas, mais de 70 ao todo., pelo menos no futebol, uma das maiores paixões deste país, coube a Chapecoense marcar o fim ou o começo de uma nova história, DEUS queira. 

Quando parece que não temos mais fundo de poço para descer, não só no futebol, aparece uma história desta, como se fosse um marco, para terminar uma etapa e começar outra, quero acreditar. 

Porque seguramente uma história destas não pode ter sido um mero acaso. Alguma lição precisa ficar. Ou pelo menos para alguns , alguma coisa precisa ser tirada disso. Estas vidas todas não podem ter ido assim, sem que não fique pelo menos uma lição, um sinal, um aviso. É prudente aos menos envolvidos com estes sinais, que no mínimo a gente pare e repense a vida.

É o mínimo que se pode fazer neste momento. Em respeito aos mortos, ao clube, aos seus torcedores a cidade de Chapecó e a nós mesmos.

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