Rogério Distéfano
Mal começou o tsunami que pode derrubar seu governo, Michel Temer anuncia que vetará a anistia ao caixa dois. Quem deu força para a anistia? Michel Temer.
LULA ACERTOU ERRANDO
Difícil admitir, mas Lula tinha razão ao dizer que FHC, fora do governo, devia ficar quieto, recolhido à aposentadoria. A última de FHC ao pedir apoio a Temer – “é o que temos”.
VÁCUO PREENCHIDO
Fidel Castro morreu. A natureza abomina o vácuo; os americanos, que abominavam Fidel, preencheram o vácuo: Donald Trump.
É A ÉTICA, MANÉ!
Geddel Vieira Lima, ministro-secretário do governo de Michel Temer, renunciou depois de envolvido em imbróglio ético. Pense um pouco, esqueça a rotina de tantos ministros caídos no governo Temer.
Geddel caiu por um motivo que nunca se leva em conta na política brasileira, a ética. Em brasileiro significa ‘efeito saco cheio’ com tanta patifaria dos políticos, que só cresce desde o governo José Sarney.
DE VOLTA PARA AS RUAS
A anistia ao caixa dois. Comandado por Rodrigo Maia, presidente da câmara federal, e do abuso de autoridade, sob o comando de Renan Calheiros, presidente do senado. Os dois com o beneplácito decisivo, mal disfarçado pela dubiedade do outro presidente, Michel Temer, que conta com as medidas para garantir seu mandato. Teremos por esses dias a manifestação pela ética, que será mais um ‘Fora, Temer’. Agora juntos, golpelas e mortadinhas.
ELES ABUSAM ATÉ O FIM
O senador Romero Jucá, o primeiro ‘anjo caído’ no governo Temer, defende o quinto ‘anjo’, ex-ministro Geddel Vieira Lima na ‘pequena’ violação ética, a pressão para liberar obra em que tem apartamento em Salvador: “Geddel fez pelo bem da Bahia”. Tipo o estupro para saciar o desejo.
TÔNICA E TÚNICA
ALGUNS, muito poucos, petistas condenam Michel Temer pela proteção frustrada ao ministro Geddel Vieira Lima. Explica-se: no momento processam a digestão dos escândalos da Lava Jato, que tisnam a túnica inconsútil do messias do ABC. Os companheiros lutam para sobreviver na barganha dos anéis no Congresso, desesperados para conservar os dedos. Deles sobressaem dois, um pela tolice, outro pela inteligência.
Pela tolice, a senadora Gleisi Hoffmann, que exige a renúncia do presidente. Para ela, renúncia é como purgante, só é bom nos outros; fosse bom para ela, teria renunciado há tempos, motivos existem. De um político espera-se tudo, menos o suicídio, e renúncia é suicídio. Nos raríssimos poucos que se suicidaram (verbo no passado remoto), muitos eram bons, respeitáveis (sei, tinha Joseph Goebbels).
Pela inteligência, o ex-advogado geral e particular de Dilma, José Eduardo Cardozo. Homem brilhante, ministro e parceiro até o fim, vê Michel Temer mais pelado que o rei da fábula: “Se não havia divergência entre órgãos do governo, por que mandar para a AGU rever” [a decisão do IPHAN de embargar a obra do de Salvador onde Geddel tem apartamento]? Cardozo é sutil demais para nosso merecimento.
Excelente texto! Só “disconcordo” da última parte: se Cardozo fosse tão inteligente assim já teria pulado fora do barco petista…afundar junto não me parece atitude inteligente, bem mais para lealdade cega também conhecida como burrice.