Rogério Distéfano
FLORIANO PEIXOTO foi, está nos livros, um presidente autoritário, ditador, em suma. Queria consolidar a república e preservar sua autoridade. Não pensava duas vezes para mandar prender opositores. Tudo gente da pesada, de almirante a senador, passando por generais. Do outro lado estava o Supremo, que concedia habeas corpus para os presos, acreditando na nova constituição da república – como a última, um monumento ao impossível.
Um dia Floriano, de saco cheio com os ‘casacas’, soltou a frase que define sua personalidade: “Daqui a pouco quero ver quem vai deferir habeas corpus para os juízes do Supremo”. Não demorou, os habeas secaram.
Guardadas as históricas distinções e as incomensuráveis proporções o episódio me veio à lembrança ao ler sobre as liminares dadas pelo TJ/PR contra o projeto de lei que suspende o reajuste salarial dos funcionários. O governo jura que com os reajustes o Estado quebra. Fosse lido e aplicado, o governador resgataria o desabafo de Floriano: ”Daqui a pouco quero ver quem vai pagar os salários dos juízes do Paraná”.