Ontem um amigo do blog sacou e mandou que Nelma, o pseudônimo de Sergio Cabral para a ladroagem, tinha a ver com o nome da secretária do saudoso Pasquim, onde Sergio Cabral, o pai, fazia parte do timaço. Hoje, em O Globo, saiu um artigo a respeito. Vale a leitura:
Artigo: A mulher da linha: Nelma de Sá Saraca… uma charada?
O pseudônimo de Cabral no ‘hotline’ da corrupção suscita teoria
por Márvio dos Anjos
A revelação de que um celular ligado a uma certa “Nelma de Sá Saraca” pertencia ao ex-governador Sérgio Cabral e servia como uma hotline para conversas com executivos da Andrade Gutierrez, como revelou José Casado, é divertida e pode ter uma charadinha por trás.
Na gênese do nome de mulher sem CPF e cuja linha era atendida pelo próprio Cabral, pelo menos dois elementos remetem a fatos da vida de Sérgio Cabral, o pai, fundador do lendário semanário alternativo “O Pasquim” em 1969 ao lado de Jaguar e Tarso de Castro.
Para quem conheceu a publicação que irritava a ditadura, o prenome remete diretamente a Nelma Quadros, a querida secretária do “O Pasquim”, publicação de humor corrosivo que desafiava a ditadura com cartuns e textos irreverentes de gente como Millôr, Ziraldo, Paulo Francis, Henfil e outros craques. Com frequência, a senhora se tornava personagem das páginas, sempre aludida como uma pessoa em quem se podia confiar. Morreu em 1991, ano em que a publicação foi às bancas pela última vez.
Já os sobrenomes do pseudônimo, de cara, são uma esfinge: “de Sá Saraca” é combinação que soa dura. Não quer dizer muita coisa. Mas e se disser? O desbravador de charadas põe “Saraca” no Google: acha uma leguminosa. Acha um sobrenome italiano. Parece um beco sem saída. Mas é quando escreve “Sassaraca”, tudo junto, que é devolvido a outro elemento da vida do patriarca dos Cabral. O Google devolve: “Sassarico”?
E recorda que Cabral pai foi, ao lado de Rosa Maria Araújo, um dos criadores do musical “Sassaricando — E o Rio inventou a marchinha”, de 2006. De enorme sucesso, foi hiperpremiado, com direito a um prêmio Shell especial, e era rebocado pela deliciosa marchinha:
“Sá-sassaricando/ todo mundo leva a vida no arame/ (…) Quem não tem seu sassarico/sassarica mesmo só/ Porque sem sassaricar/Essa vida é um nó”.
Sá Caraca.
Só isso.
Caraca – coisa de carioca malandro.
Caraca, mermão.