Rogério Distéfano
NA CALÇADA, sentido contrário, o mulherão, cabelos em reflexos, corte moderno, roupas mix adolescente e senhora, jeans rasgado nas coxas e joelhos, joias e camisa de seda; perfume envolvente, convidativo. Com ela a cachorrinha, mesmo clã da Mila, dona de meu pedaço. Ao cruzarmos, ela abre imenso sorriso, ganho abraço e beijo.
Refeito da surpresa, reconheço a cachorra e identifico a mulher, amiga de meus antanhos e meus antolhos. Não consigo sustentar o contato visual, sensação como a de rever a namorada a quem fizemos cachorrada (perdão, Mila e Mel, as yorkies, finas damas do canil).
Linda, vinte anos mais jovem na minha miopia, milagre do cirurgião sobre argila de qualidade, como a de que Deus fez Eva. Prefiro a anterior, mulher genuína, do jeito que veio e as marcas que a vida imprimiu, registro de encantos e desencantos, amores e desamores, sempre no seu máximo de produtos farmacêuticos, na anti-receita de Vinícius. Essa de hoje só reconheço pelo faro.