Rogério Distéfano
A OPOSIÇÃO ao governo Richa na assembleia entra com mandado de segurança para trancar a votação do projeto que adia os reajustes do funcionalismo. No release que chegou ao blog afirma que “além de imoral, o projeto é inconstitucional”. Esqueçamos do imoral, pois vindo de políticos a palavra é mais imoral que o ato acusado de imoral. Fiquemos no inconstitucional. A emenda tem fumos de inconstitucionalidade, lá isso tem.
A constituição federal, de onde deriva a obrigatoriedade dos reajustes automáticos anuais com base na inflação, não contou com o outro lado da inflação: que ela diminui ao Estado que arrecada o dinheiro para a despesa do reajuste. Ou seja, a constituição foi escrita com raiva, generosidade e uma brutal ignorância das circunstâncias da vida. E a vida – só os esquerdistas e a oposição ignoram – tem no dinheiro o seu motor de arranque e sustentação.
O governo estadual garantiu o pagamento do décimo-terceiro salário, coisa que muitos estados brasileiros não conseguem há mais de ano, vide Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro – que, aliás, também pagam salários em parcelas. Beto Richa pode ser uma decepção e dele não se deve aceitar nem carona de elevador. Mas não há como negar que, apesar da papagaiada sobre finanças túrgidas para se reeleger, ele vem mantendo as finanças em pé.
Os deputados da oposição, preocupados com a moral e o constitucional, não tocam no dinheiro que o orçamento – que fingem proteger – lhes dá. Sim, para eles também seria imoral reduzir as despesas de representação de gabinete (correio, gasolina e quejandos), os assessores e os jetons. Quando se está na oposição o dinheiro é simples papel impresso, não a foto da riqueza real. Para a oposição a economia nasce e cresce na Casa da Moeda.
De um cara no século XI a frase que sobreviveu mil anos e explica tais anseios obsessivos e obcecados pelo rigor férreo da lei, mesmo diante da impossibilidade escancarada pelas circunstâncias. O imperador Frederico I, do Império Romano Germânico disse “faça-se justiça (cumpra-se a lei) ainda que o mundo acabe” – tem o original em latinório no Google. Para azar da oposição e sorte do governo, o TJ PR não quer que nosso mundinho acabe.