Rogério Distéfano
FALA-SE QUE Beto Richa restabelecerá a integração metropolitana do transporte coletivo quando Rafael Greca assumir a prefeitura – o novo prefeito teve o apoio do governador na eleição. Se a integração representar subsídio estadual ao preço da passagem – e não há razão para se fazer sem isso – estaremos diante do uso político do dinheiro público.
Em seu governo, Richa manteve a integração e o subsídio para o prefeito Luciano Ducci, o vice que o sucedeu na prefeitura, e negou para Gustavo Fruet; a negativa do subsídio foi fator determinante da fraca gestão e não reeleição do prefeito. Subsídio é dinheiro do orçamento estadual, dinheiro cuja falta foi usada para negar o reajuste do funcionalismo. Apareceu o dinheiro, o conde de Monte Klemtz encontrou o tesouro?
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O MINISTRO Gilmar Mendes, presidente do TSE, afirma que a ocupação de salas de aula custou R$ 2 mi para acomodar as urnas de Curitiba durante o segundo turno da eleição. Ocupação de escolas e salas foi responsabilidade das lideranças sindicais, que se aprestam a desocupá-las depois que o Supremo autorizou os descontos de salários. E o custo, a despesa desnecessária gerada na eleição? Devia ser cobrada ao sindicato e entidades de classe. É muito fácil fazer política desse jeito, sem consequências e nenhuma responsabilidade.
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ENTREVISTADO por Rogério Galindo, da Gazeta, após confirmada sua vitória, Rafael Greca sacou a musiquinha do Chapeuzinho Vermelho como resposta: “Pela estrada fora/Eu vou bem sozinha/Levar estes doces/Pra vovozinha”.
Nada surpreende, é Greca na sua quintessência, aquele que nos brinda com inconveniências há trinta anos. Podia poupar-nos do desrespeito como cidadãos, eleitores, nulificantes, alvejantes e ausentes; a nós também como consumidores do noticiário.
Podia poupar-se do desrespeito a Galindo, homem educado e profissional brilhante. Pelo menos sabemos o que nos espera pelos próximos quatro anos: a chalaça e o espalhafato. Não mudou. Faz-me lembrar uma dessas, que perpetrou nos anos 1990.
Ao cidadão que lhe sugeria emagrecer – nessa época pesava algo como 50 quilos menos -, a resposta de Greca: “Isso se eu governasse com a bunda, mas vou governar com a cabeça”. Os doces da vovozinha não lhe subiram à cabeça.
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EM ENTREVISTA à repórter Natuza Nery, da Folha, a ex-presidente Dilma abriu seu apartamento em Porto Alegre: 70 m2, duplex, escadinha em caracol para a sala superior, sem mesinha para apoiar as xícaras de café. No banheiro, os chinelos apoiados em diagonal na parede, para escorrer a umidade.
Tocante na singeleza, comparada ao sítio de Atibaia, cobertura em São Bernardo e tríplex no litoral que acomodam Lula e família. Dá vontade de abraçar Dilma na rua, pela vida ascética, que estende a seus seguranças, que passam o tempo sentados em banco de cimento na portaria do prédio.
Sem assessores, a não ser a diarista que tem pressa para voltar para casa, Dilma atende pessoalmente os callchatos, com a cautela de dar nome fictício, Janete. Nos planos de Dilma para o futuro está o possível romance policial, que cogita escrever. “Leu muito”, diz ela (e nós ficamos naquela, ‘não parece!’). Gostaria de propor-lhe pseudônimo, caso não queira assumir a autoria do policial em nome próprio: Ágata Triste.
Tadinha da Dilma, ficou com pena, leva ela procê!
Me engana que eu gosto, e o salário de seis anos ela enfiou aonde? Quer se fazer de pobretona?
Me poupe.