De uma raposa felpuda do Centro Cívico:
Acabou a propaganda eleitoral, acabou a baixaria das acusações que, apesar do fim do pleito eleitoral, ficaram no ar, muitas sem as respostas convincentes e poderão ser ressuscitadas, como o monstro da lagoa, numa próxima eleição.
Diferente do cálculo legal, temos que ler os números considerando o total de eleitores e não os chamados votos válidos onde as abstenções são retiradas.
Com efeito, as porcentagens a partir dos que compareceram ao pleito (84,20%) não significam os números reais da votação. Senão vejamos.
Se considerarmos o universo eleitoral total, as abstenções foram de (20,12%), os votos brancos (2,76%) e os votos nulos (10,49%), que totalizaram 370.884, isto é, 33,46% do pleito, mais de um terço.
Assim, o segundo colocado, teve (30,54%), isto é, menos votos que a soma das abstenções, nulos e brancos (33,37%) – e o primeiro lugar venceu com apenas 37,29%, com uma diferença apenas de 3,83% dos nulos, brancos e abstenções.
Em resumo, o novo prefeito vai governar com pouco mais de um terço de apoio do universo de votantes.
Quais as razões da apatia do eleitorado? A absoluta inexistência dos partidos políticos? A fadiga do ciclo das promessas e do marketing eleitoral que não mais convence o eleitorado preparado e culto?
Os senhores do poder vão administrar contratos bilionários do lixo e do transporte coletivo. Um orçamento também bilionário com uma dívida fundada de quase 1 bilhão em 2017, e dezenas de promessas que depois das festas do ano novo e do carnaval serão devidamente esquecidas e sepultadas pela administração do possível, pela herança maldita do governo anterior, pela desculpa da crise econômica e por tudo que convenceu mais de um terço do eleitorado a votar, nulo, branco e não comparecer.