não levo jeito de ser poeta mas sim de ser porreta porque É assim que se aprende no barro da rua no buraco do poço na água do balde no banho frio do banheiro no quintal no som do cavaquinho ao vivo no olho mágico da rádio vitrola no disco 78 no álbum dos artistas americanos colorizados no quintal cheio de flores na bolinha de gude no pião e na fieira no sino da escola na hóstia consagrada no batuque do terreiro no sinal do benzedor na tela do cine pulguento na caixa de engraxate no sorvete pura água no estilingue de caçada na pomba sem cabeça no suicídio do vizinho no futebol no campinho descaído na paixão pela freira no medo de qualquer coisa no revólver de cabo vermelho da estrela no guaraná champagne só em tempo de doença na televisão do vizinho na pizza com cauby cantando no ônibus lotado no castigo no canto da sala de aula no revólver em cima do armário no tiro disparado sem querer na descoberta de leila diniz na pedra de gelo pra carregar nos barcos dos bacanas no encantamento da fotografia no batismo de fumaça no passo para não sei onde.