Começa hoje a greve dos professores do ensino público estadual determinada pelo sindicato da categoria. Mais de um milhão de alunos ficarão em casa aguardando, mais uma vez, o que será decidido na queda de braço entre os grevistas e o governo do Paraná. O motivo é uma mensagem enviada pelo Executivo à Assembleia Legislativa que, se aprovada, suspenderia o reajuste salarial do início do ano mais um percentual de aumento real, acertado entre as partes anteriormente e sacramentado em lei. O governo alega que, se pagar, o caixa quebra. Para compensar, prometeu pagar as promoções e progressões que estão atrasadas. Durante várias semanas, antes da eclosão do impasse, os diretores da APP-Sindicato se reuniram no Palácio Iguaçu com o chefe da Casa Civil e a secretária da Educação, numa tentativa de diálogo. Ao que parece, foram encontros de surdos. Na véspera da assembleia do sindicato que decidiu pela paralisação por tempo indeterminado, o governo enviou ofício ao Legislativo, com cópia para os diretores da APP, interrompendo o trâmite da mensagem para lá enviada para ser decidida pelos deputados estaduais. A greve, porém, foi decretada, ou seja, sobre algo não sacramentado. A avalanche de invasões de escolas por parte de alunos que, aparentemente sem comando único, protestam contra medida do governo federal que pretende mudar o sistema de ensino médio, mexendo na grade de disciplinas, foi o cenário perfeito para a gasolina colocada na fogueira pela movimento dos profissionais do ensino. Mais: na esteira do incêndio, os outros sindicatos de funcionários públicos ameaçam acompanhar a decisão dos professores. Na próxima quarta-feira (19) haverá um encontro entre representantes do governo e dos sindicatos. Números serão apresentados. Os do Palácio Iguaçu insistindo que o Estado, se conceder o que que prometeu, mas pediu protelação, entrará no pior dos mundos, ou seja, em situação igual ao da maioria do resto do país que há muito parcela o pagamento normal dos funcionários, coisa que até agora não aconteceu por aqui, inclusive com o 13º salário. Os sindicalistas acham que podem estar sendo vítimas de mais uma enganação e que o prometido e assinado deve ser cumprido. Há ataques explícitos sobre manipulação política nos movimentos – o que é fato e comum, ainda mais num cenário de confrontos agressivos em que se encontra o país, coisa acirrada com o resultado do primeiro turno das eleições municipais. Enquanto isso, os alunos das escolas públicas ficarão em casa por tempo indeterminado esperando uma definição. Esses, em sua maioria, assim como seus pais, já imaginam o que promete este final de ano – e não mais, porque o futuro, diante de tantas escaramuças acima de suas cabeças, é incerto, com certeza.
A greve é inoportuna. O país vive sua pior crise , com desempregados em cada família.
Por mais que seja justa, ainda mais tendo um governador que sempre joga com as aparência, me parece fora de timing.
Beto queimou seu capital político e estará incinerando os gravetos que lhes resta. Mas, paga os salários em dia, promete as promoções atrasadas e o décimo antecipado. Bom, os petistas do sindicato do professores são tão equivocados que , com a greve, poderão recompor em parte o que resta para Beto ser candidato a alguma coisa. Vamos esperar o desenlace.
Desde que instalou-se a “democracia” (eleições para diretores) nos “territórios de luta” (antigamente conhecidos como escolas) , a Anarquia tomou conta desses espaços antes destinados ao ensino de ciências, matemáticas, línguas, artes, etc… e agora destinados ao ensino de ideologias e à doutrinação das muito vulneráveis cabecinhas adolescentes, que se iludem com pouco e acham que sabem tudo da vida só porque têm uma vasta rede de “amigos” no FB.
Infelizmente, uma ideia que parecia ser boa, pois colocaria bons gestores à frente de cada escola, terminou por se apresentar como um micro-cosmos que reproduz as mazelas da política convencional brasileira, na qual o “mérito” para ser eleito não é a capacidade administrativa, mas apenas o fato de ser queridinho de alunos e professores. E todos sabemos que na escola, queridinho não aquele que é sério, rígido e competente, mas sim o que se mostra engraçadinho, flexível nas avaliações e bom organizador de celebrações.
Os bons exemplos de gestores educacionais são cada vez mais raros. Prova disso é que, quando aparecem, viram notícia nacional; o que deveria ser regra vira exceção.
Mas de tudo, o que mais me decepciona e entristece é a passividade e a apatia dos pais desses alunos-ativistas, que não percebem que é o futuro dos seus filhos que está sendo jogado fora pelas mãos de adultos irresponsáveis, cuja única preocupação é com o próprio umbigo e não com a qualidade do ensino ou das escolas. Não percebem que seus filhos estão sendo iludidos e utilizados como escudos humanos na guerra cega, surda e muda que a APP-Sindicato (queria poder grifar “Sindicato”) trava contra o governo. Nessa guerra, não haverá vencedores; os dois lados serão vencidos e os maiores perdedores serão os alunos.
E tanto quanto o atrevimento da APP-Sindicato de usar os alunos, também me decepciona a covardia do governo, que não usa as regras disciplinares básicas para enquadrar esses baderneiros e devolver as salas de aula aos muitos outros que, apesar de tudo, só querem ir para escola para aprender e poderem ter um futuro melhor, no qual possam, aí sim, com conhecimento e formação, trabalhar por um país melhor e mais justo.
Texto com correções
A greve é inoportuna. O país vive sua pior crise , com desempregados em cada família.
Por mais que seja justa, ainda mais tendo um governador que sempre jogou com as aparências, me parece fora de timing.
Beto queimou seu capital político e , pela trajetória, estará incinerando míseros gravetos que lhe resta. Mas, paga os salários em dia, promete as promoções atrasadas e o décimo antecipado. Bom, os petistas – aqueles do sindicato do professores, estão tão equivocados que , com a greve, poderão recompor em parte o que resta para Beto ser candidato a alguma coisa. Vamos esperar o desenlace.