Girolamo Savonarola
Rogério Distéfano
Erro de camisa
João Dória, prefeito de São Paulo, apoia Rafael Greca, candidato em Curitiba. Erro de apoio, por que o adversário de Greca tem mais jeito de Dória? Não, erro de camisa: Dória é Polo, by Ralph Lauren, e Greca é Varca, by Varca mesmo.
Só o ministro?
O ministério público investiga o ministro Ricardo Barros, da Saúde, por ter prometido mundos e fundos – de onde, com governo quebrado e a PEC dos gastos? – a seus candidatos no Paraná. O MP ocupa-se do dinheiro federal e ignora o estadual; condena o ministro pelas promessas à saúde e justifica em longo e sentencioso parecer a ocupação de escolas do Paraná por professores e alunos.
Faltou palmada
Isso de alunos ocuparem as escolas tem mais a ver com a lei da palmada que com a pedagogia irresponsável dos professores. Uns tapas na bunda e essa gurizada não se metia a brincar de petistinha.
Pulga e orelha
A frase é alheia, só repito. Tinha mais que entregar o Brasil para a Odebrecht. Notícia de hoje, que chocaria em outras paragens: durante quatro anos a empresa pagou R$ 11 milhões ao advogado filho do ministro do STJ que relatou o recurso no qual foi absolvida de pagar R$ 500 milhões ao fisco. Um recurso nunca é julgado por um só ministro, mas a opinião do relator pesa na decisão. Filho de ministro não pode ser condenado a não ter clientes e não advogar na sede do tribunal do pai. Só que tamanha coincidência excita a pulga que pula atrás da orelha.
Tanto faz
De tão maçante e pachorrenta, a campanha de prefeito de Curitiba confirma o que se sabia: pouco importa quem seja eleito. Os candidatos diferem no peso e nos apoios. E os apoiadores de um e outro só diferem na escrita contábil para a eleição ao governo e senado, que pensam decidir com os votos do futuro prefeito.
Acontece que o futuro prefeito vencerá com os votos perdidos pelo ex-prefeito e os votos brancos e nulos do primeiro e do segundo turnos. Nem se um deles usa camisolão e o outro camisolinha traz diferença, pois o que Gustavo Fruet deixou de fazer nem o tesouro enterrado na Casa Klemtz permitirá que o próximo prefeito faça.
Ah, bom
Darci Piana, ex-presidente do Paraná Clube, e a informação fundamental. Nos anos 1990 recusou a compra do iniciante jogador que mais tarde veio a ser conhecido como Ronaldo Fenômeno. Explica tudo sobre o time? Não, explica tudo sobre os dirigentes do Paraná Clube, que apesar dos dirigentes e na pindaíba a que o levaram conserva uma legião de torcedores apaixonados.
Moro morre pela boca
ZB TRANSCREVE a coluna de Elio Gaspari sobre a troca de gentilezas entre o físico Rogério César Cerqueira Leite e o juiz Sérgio Moro. Pãos ou pães é questão de opiniães, disse Riobaldo Tatarana. O físico é petista, o juiz, morista. Ponto. Interessa a carta que o juiz mandou para a Folha de S. Paulo. Ali os erros do juiz Moro. Que não são dele, estão no DNA da magistratura. Moro, como os juízes em geral, tem pele sensível, ou sensibilidade à flor da pele. Juízes não aceitam críticas, nem dentro nem fora dos autos. São marcados pela deformação profissional de decidir acima dos interesses e permitir o contraditório (só) entre as partes. Se os magistrados não são savonarolas na comparação exagerada de Cerqueira Leite, são savonarolas de espírito, no sentido de seguir o rigor estrito e muitas vezes cego da lei.
Ainda assim, melhor com juízes no estilo Moro que com juízes que julgam os recursos do escritório do filho advogado. Nessa encrenca com o colunista da Folha o juiz Moro esqueceu de agir como juiz: ignorar olimpicamente, “pairando acima dos mundanos tetos”, como fazem os juízes quando têm suas decisões criticadas pelas partes e advogados. Sérgio Moro não precisa se defender – e mal, como fez, usando argumentos de autoridade e sugerindo ao jornal que censurasse o seu articulista. Sérgio Moro tem o apoio majoritário e mais que suficiente da sociedade e da imprensa. Ao responder, deu destaque e publicidade à crítica. Em tempos de Lava Jato juiz precisa de assessor de imprensa. Não daqueles que se limitam a escrever o que o juiz dita. Sim daqueles que digam quando o juiz deve ficar quieto.
Savonarola era contra a corrente,quebrava ornatos e queimava publicações tolas,foi contra Alexandre VI e foi degolado e queimado,o Moro jamais seria um Savonarola,ele não queima livros,e vai sempre nos braços do comandante maior,a unica coisa que está parecendo o Padre e que ele está queimando todo um Pais.
“Morista” de carteirinha, peço licença ao Rogério para subscrever o tópico final de seu texto.