O tubarão começou a se mexer dentro do peito e ele se apavorou porque fazia tempo que isso não acontecia. O tubarão nunca morre, é apenas controlado por doses de remédios, horas de terapia, conversas nas catedrais. O tubarão dele é alimentado a desafios de trabalho, coisa que saia da rotina. Dessa vez outros tipos de alimentos entraram pelo corpo na forma de infecções que o levaram a tirar dez vezes o sangue e ser prospectado por sondas várias. Enquanto o tubarão ficou praticamente congelado, ele experimentou o que chama de alegria da vida, ou seja, o cotidiano normal. Agora tem o trabalho besta, mas diferente, e a espera da faca que vai lhe abrir o corpo e arrancar o que há de incômodo. O tubarão, não. Esse ficará para sempre, esperando horas como essa, pois quer completar o serviço que não fez antes, há muito tempo.