Rogério Distéfano
DOIS EX-GOVERNADORES do Tocantins são presos pela Polícia Federal, o crime de sempre, corrupção. Um governador do Distrito Federal – apenas um, o que menos aprontou – chegou a cumprir pena. Governador na cadeia não é novidade, embora em quantidade menor que a exigida pela criminalidade em que se envolvem. Nem chega a impressionar o povo, que sabe a razão, embora acabe por eleger novamente o corrupto.
Prisões de governadores serão frequentes no futuro, pois ministério público e judiciário precisam legitimar o mandarinato que adquiriram na constituição de 1988. O desejável é que cortassem – o que beira o impossível – a tolerância e o privilégio para os delitos dos seus em punições que no geral limitam-se à disponibilidade e aposentadoria. Justificam-se com os estatutos nacionais próprios, que nada fazem para mudar.
No Império havia os nobres e entre estes os grandes, de prerrogativas diferentes, especiais. A república, que existe no pressuposto da igualdade, acabou por instituir os seus grandes, políticos e a magistratura com seus assemelhados, incluídos tribunais de contas, por aberrante que seja. Os políticos vêm tendo sua grandeza erodida, desgastada, daí as condenações e prisões, ainda pingues pela extensão da criminalidade no meio.
A magistratura e ministério público, também grandes da república, operam na linha tênue e imprecisa do rigor com que começam a punir os grandes da política e a pachorra no investigar e punir os seus. Se algo adveio dos anos lulopetistas, da explosão de denúncias na imprensa e nas redes sociais é que não existem assuntos, personagens e instituições tabus, imunes ao questionamento. Magistratura e assemelhados inevitavelmente entrarão nessa espiral.