Da Folha.com
Morre aos 90 o dramaturgo italiano e Nobel da Literatura Dario Fo
O governo italiano anunciou nesta quinta-feira (13) a morte do ator e dramaturgo Dario Fo, vencedor do prêmio Nobel de Literatura de 1997.
Dario Fo, que morreu aos 90 anos, era conhecido pela sátira política e pela crítica ao clero. Uma de suas obras mais célebres, “Morte Acidental de um Anarquista”, está em cartaz no Teatro Folha, com atuação de Dan Stulbach.
Ele havia sido casado com a atriz e ativista Franca Rame, morta em 2013, a quem dedicou o Nobel.
Segundo o jornal italiano “Corriere della Sera”, o dramaturgo estava internado havia 12 dias em um hospital em Milão após sofrer uma série de problemas pulmonares.
Matteo Renzi, premiê italiano, enviou suas condolências durante a manhã de quinta-feira, ainda madrugada no Brasil. “A Itália perdeu um dos grandes protagonistas do teatro, da cultura e da vida cívica de nosso país”, disse.
Dario Fo apoiava o partido de oposição Movimento 5 Estrelas, do comediante Beppe Grillo, uma popular sigla antissistema que hoje governa a cidade de Roma. O dramaturgo era visto como uma de suas referências intelectuais.
A morte de Dario Fo coincide com o anúncio do vencedor do prêmio Nobel de Literatura deste ano, previsto para as 8h desta quinta-feira no horário de Brasília.
VERSÁTIL
No início do ano, com a proximidade do aniversário de 90 anos do dramaturgo, o jornal britânico “Guardian” havia publicado uma análise do pesquisador Joseph Farrell, autor do estudo “Dario Fo: Stage, Text and Tradition” (Dario Fo: Palco, Texto e Tradição).
Para Farrell, o italiano era um dos dramaturgos vivos mais encenados do mundo, com uma produção que não se limitava apenas ao teatro –ele era, por exemplo, autor de cinco romances.
Sua casa em Milão, descreve o pesquisador, era “como um estúdio do Renascimento: telas inacabadas empilhadas contra uma parede e um monte de secretários, artistas em ascensão e diversos assistentes executando seu trabalho”.
Com a visão debilitada, Dario Fo ditava seus textos. Pintores finalizavam as obras que ele havia rascunhado –algumas, em seguida expostas em uma nova galeria na Itália dedicada inteiramente ao seu trabalho.