por Célio Heitor Guimarães

O jornalista Rogério Waldrigues Galindo, da Gazeta, disse que o erro de Fruet foi tratar o eleitor como adulto. Por isso, “pegou fama de inapto”, “prefeito lento”. No entanto, adverte que quem tiver paciência para ouvir Gustavo por meia hora, provavelmente sairá convencido de que as coisas que ele fez eram as que tinham que ser feitas.

Não foi apenas a fama de lerdo que derrubou Gustavo, meu caro Rogério. Há motivos piores. Por exemplo: o eleitor, incluindo o curitibano, não está acostumado com gestores sérios. Habituou-se a candidatos falastrões, farsantes de carteirinha, malandros travestidos de anjos, figuras ocas montadas por marqueteiros e pseudo tocadores de obras – em regra, inúteis e superfaturadas – que, ao serem inauguradas, inauguram apenas o próprio administrador.

Gustavo Fruet pegou a prefeitura em petição de miséria. Obra conjunta da dupla Beto Richa e Luciano Ducci. Fez das tripas coração para colocar as finanças municipais em ordem. Para tanto, contou com a ajuda da irmã, a excelente Eleonora. Quatro anos foram apertados pelo tamanho do estrago.

Fez mais, sem grande alarde, como registrou Galindo. Sem plaquinha de inauguração, Fruet ampliou consideravelmente as vagas em creches da cidade, zerando uma demanda de mais de quatro anos. Aumentou o número de vagas escolares. E reduziu o número de acidentes e mortes no trânsito do centro de Curitiba. Mas ficará conhecido como “prefeito marcha lenta”, o de “40km por hora”, que privilegiou as ciclovias e plantou horrendo totens listrados nos cruzamentos das ruas e avenidas.

Sanear o Erário e dar melhores condições de vida aos munícipes, como se viu, não foram o suficiente para mantê-lo na prefeitura. O eleitor, por natureza, adora sem enganado. Ser tratado como adulto, nem pensar – como detectou Rogério Galindo. Quer vantagens prontas, de bandeja, sem conteúdo mas com muita lábia. Pouco importa a sua real importância ou quanto tenham custado aos cofres públicos. Importa, isto sim, que haja placa inaugurativa e muita festa que mantenha Curitiba na lista das capitais padrão do Brasil. A maioria ainda sonha com a volta de Jaime Lerner e acha impossível existir alguém capaz de substituí-lo.

Quando o roliço Rafael Waldomiro começar a cuidar da sua “Curitibinha” e dos “curitibaninhos”, reinaugurando os Faróis do Saber, os Totens da Polícia e dando à luz modernos banheiros públicos para higienizar os pobres da cidade; ou quando Ney Leprevost aprender o que é preciso para administrar uma cidade como a outrora mui leal e hospitaleira Vila de N. S. da Luz dos Pinhais; a população vai ter saudade de Gustavo Fruet.

A boa notícia é dada por aqueles que estiveram com Guga após as eleições. Garantem que nunca o viram de semblante tão aliviado. É compreensível.