Não se afobe com essa menina,
é preciso classe para dominá-la.
Calma, ela é que o ensina
onde se deve ou não tocá-la.
Por ter as formas perfeitas,
e os macios, simétricos gomos,
é mais carinhosa com quem a ajeita
do que quem a persegue como gnomos.
Apesar de ser o centro das atenções,
e ter poder sobre o mundo todo,
ela rola, humilde, entre as paixões,
exposta ao sol, à chuva, ao lodo.
Não se incomoda que a matem no peito,
que a chutem, que a dividam, que a isolem,
que a levem no bico, e, com efeito,
ela procura o ângulo que lhe escolhem.
Carente, ela também busca o abraço
daquele que melhor a encaixe,
do que a tem ao alcance do braço,
dona absoluta do seu passe.
Com o tempo, seus parceiros mudam.
Alguns, com ela, conseguem glória e dinheiro
e pensam que a dominam. Mas não se iludam:
ela sempre comemora o gol primeiro.
Esta é a bola, genial, feminina,
fascínio de quem defende e ataca.
Aos grossos, ela, cruel, fulmina.
Aos artistas, ela brinda o gol de placa.