por Ivan Schmidt
Domingo é dia de eleição e na hora da onça beber água sempre pode ocorrer alguma surpresa.
É o que pode acontecer em Curitiba, onde a supremacia do candidato Rafael Greca eventualmente venha a sofrer um abalo comprometedor em face da declaração impensada sobre o vomitório que lhe causa a pobreza, além da complicação com os objetos de arte desaparecidos do acervo da Casa Klemtz, adquirido pela prefeitura na primeira gestão de Greca e alocados na Fundação Cultural de Curitiba (FCC).
Poucas vezes se observou tanta desmotivação da parte do eleitor, tanto em função da brevidade da campanha no rádio e na televisão, mas acima de tudo pela sofrível expressão política de muitos dos candidatos.
Em Curitiba não é diferente, com a ressalva do momentâneo aquecimento causado pelo tiro no pé desferido pelo candidato até então disparado na frente dos demais pretendentes.
Em São Paulo, o sprint do candidato tucano João Dória que suplantou o deputado federal Celso Russomano, ao que parece confirmando a sina de cavalo paraguaio, em algumas regiões da cidade em que os candidatos de esquerda sempre contaram com o apoio maciço da população já se fala abertamente no chamado “voto útil”, à vista do rotundo fracasso do prefeito Fernando Haddad.
A situação em Curitiba já se delineando a linha de chegada dá margem a várias interpretações, entre elas a desistência da intenção do voto em Greca e a opção por Gustavo Fruet, que assim seria favorecido pelo voto útil, como aconteceu na eleição passada, determinando a necessidade do segundo turno em que estariam lado a lado os dois mais votados.
Entenda-se que a decisão pelo voto útil também se subordina ao fato relevante de que a consolidação propriamente dita da escolha do candidato somente é fixada na mente do eleitor nos últimos dias, não havendo nenhuma estranheza se o cidadão mudar sua preferência no dia mesmo da eleição.
É também viável supor que muitos eleitores que até aqui manifestaram o desejo de votar em candidatos do bloco intermediário, resolvam transferir o voto para um candidato em condição mais favorável.
Raciocinando por hipótese, o que é sempre um perigo ainda mais se tratando de eleição, o beneficiário da eventual mudança de opção pelo voto útil seria naturalmente o prefeito Gustavo Fruet.
O arrependimento e o pedido de perdão de Rafael Greca, assim como as fotos em que aparece abraçando mendigos e outras pessoas vulneráveis têm o mesmo cheiro (opa!) da atitude absolutamente demagógica de sua primeira gestão na prefeitura, quando afirmou “conhecer pelo nome todos os moradores de rua de Curitiba”, num desempenho que faz inveja aos cartório de registro civil.
O desgaste da candidatura de Greca e a debandada de muitos de seus eleitores mais jovens, também pode se agravar com a sistemática negativa de permitir a entrada de peritos na chácara São Rafael, onde estariam as peças desaparecidas do acervo histórico e artístico sob a custódia da Fundação Cultural.
Nessa quarta-feira (28) os jornais publicaram a declaração do advogado Walter Agra, assessor jurídico da campanha de Greca, informando que o ex-prefeito “não abrirá a chácara durante o período eleitoral” garantindo, porém, que após a eleição a propriedade poderá ser vistoriada por “quem quiser checar seus objetos”.
O tempo urge e sequer haveria condições materiais, até domingo, para a elaboração de um laudo pericial definitivo sobre a autenticidade dos objetos de arte supostamente retidos em recanto pastoral do município de Piraquara, onde o ex-prefeito é dono de uma herdade familiar.
Greca apresentou suas razões, mas a reiterada negativa em colaborar para o esclarecimento imediato da questão é uma carta subitamente atirada sobre o pano verde e passível de mudar o resultado do jogo. Aguardemos.
Votar no palerma por causa dos tiros no pé dado pelo ex-prefeito é como pedir a volta da infeliz ao Palácio do Planalto. Já tivemos incompetência demais na Prefeitura, chega deste mesmo, o palerma conseguiu ganhar em incompetência até do seu antecessor, que foi uma verdadeira múmia .