16:33O rádio ainda poderá mudar o mundo

Publicado no Blog JJ

por Álvaro Burah*

No mês de setembro comemoramos o dia do radialista e do rádio, mas muitas vezes esquecemos que este é um dos veículos de comunicação mais importantes do país. Mesmo com todos os problemas de verbas, falta de estrutura e uma visão empresarial distorcida, o meio ainda é o melhor canal de acesso a informação e entretenimento para muitas comunidades espalhadas pelo país.

Diante das novas tecnologias o rádio pode ser potencializado e alcançar audiências diferenciadas, que nunca foram trabalhadas.

Num período marcado pela segmentação em nichos, o suporte multiplataforma da Internet possibilita que as emissoras de rádio produzam programas em diversos formatos e até criem novas emissoras para públicos diferentes.

O que trava o desenvolvimento do rádio no Brasil? Talvez a melhor respostas seja o fato das empresas de comunicação brasileiras, especialmente as rádios, não se entenderem como “empresas”, muitos ainda batem no peito e afirmam fazer rádio da mesma forma há 40 anos, como se isso fosse diferencial. Infelizmente temos novos públicos que não conhecem o rádio por ondas. Para os jovens, o rádio pode ser um podcast no celular, uma transmissão de streaming no tablet, ou uma emissora web que toque músicas e tenha entrevistas sobre Pokemons.

Este novo consumidor praticamente não conhece o rádio materializado em um eletrodoméstico, na caixinha sobre o móvel da cozinha, o radinho de pilha que levávamos para os estádios, ou o aparelho em que as senhoras ouviam a “Ave Maria” com um copo de água, todos os dias às 6 da tarde.

Para esta nova audiência, o áudio digital é uma realidade que flui no ambiente da web. Pode ser transportado, copiado, retransmitido ou simplesmente escutado a qualquer hora e lugar.

Não devemos viver das glórias do passado, mas buscar os melhores caminhos para um novo futuro. Para tanto, temos de modernizar as empresas entendendo a programação com um produto único, que precisa de uma comunicação própria, métricas diferenciadas e novos formatos que abusem das plataformas digitais.  Este é o futuro da comunicação no país, especialmente do rádio. Como dizia o radialista paulistano Hélio Ribeiro, “o rádio ainda pode ser o veículo que irá mudar o mundo, mudando a você e a mim”. Basta que todos entendam o novo momento histórico que vivemos.

Álvaro Burah é jornalista e pesquisador do meio rádio na Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), mestre em comunicação e mercado pela Faculdade Cásper Líbero (FCL), pós-graduado em administração de empresas pela Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) e professor do curso de Rádio e TV. Atuou mais de 20 anos no mercado de rádio nacional e internacional. 

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