Rogério Distéfano
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Fatias
O presidente do Supremo, Ricardo Lewandowski, patrocinou o fatiamento do impeachment de Dilma. Agora o Supremo patrocina o fatiamento da delação do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, na denúncia do MP contra Michel Temer. O fatiamento da mortadela e o fatiamento da coxinha.
Reforma do pingo no ‘i’
Reclamação para dedéu contra a reforma do ensino. Vai funcionar? Não, reforma de ensino sempre veio para pior, estou de prova. Venho do tempo que os milicos suprimiram o latim, o francês, o canto orfeônico (sim, tinha disso) e os trabalhos manuais (graças a Deus). Não há ensino que funcione nem reforma que dê certo com político ladrão, governo ineficiente e professor mal pago – na massa dos liderados por lenines de gibi. O resultado está nos eleitores ineptos que alimentam o ciclo vicioso do Brasil que anda devagar e avança para os lados.
O governo Temer faz a reforma via medida provisória, que tem imediato vigor de lei e deve ser votada rápido no Congresso. Para que a pressa, necessidade social, educacional? Necessidade política, isto sim, de Michel Temer mostrar serviço no tempo escasso que lhe resta para se cacifar à reeleição. Certo que debate no Congresso mais complica que ajuda, de cabeça de político sempre sai mistura de girafa com guaxinim. Mas nas circunstâncias normais da produção da lei, a sociedade tem melhor oportunidade para debater.
Lavo minhas mãos
A POLÊMICA sobre o Lavatório Klemtz rende mais que as propostas de Gustavo Fruet e Rafael Greca. Parece que Fruet começa a vencer pelo menos a guerra de acusações, que Greca poderia acabar num minuto: abra as portas do sítio onde estaria entronizado o Lavatório. Mas Greca se aferra à intimidade pessoal e à privacidade do lar – que não segue quando se deixa fotografar diante do dito lavatório – na verdade imitação de chafariz.
Chama de uma vez os jornais da Capital e a infinidade de blogueiros fofoqueiros – pró e contra – para visitar a casa. Serve a eles capilé com bolinho da graxa, tomando cuidado de deixar a ‘sua’ Margarita de fora. Não adianta chamar a polícia de Beto Richa para espantar a guarda municipal que Gustavo Fruet manda para resgatar o lavatório. Desse jeito ainda reedita a Guerra do Pente, a revolta popular dos anos 1900 em Curitiba.
Lembro o caso clássico do cinismo político, nos EUA, anos 1950, em que o então vice-presidente Richard Nixon foi acusado de receber propina. Ele convocou a imprensa para sua casa e posou com a família e seu cachorrinho, o Checkers. Ele, jeito meloso, mulher e filhas chorosas, mostrou o cachorrinho: “Aqui está a propina”. Foi eleito vice mais uma vez, depois governador da Califórnia e duas vezes presidente.
Se Greca levou o Lavatório Klemtz na mão grande, ele teve tempo para substitui-lo por outro. Então chama logo a imprensa e mostra o lavatório, o bidê, o penico, a retrete, tudo antigo, comprados legalmente da casa onde D. Pedro II se hospedou em Curitiba, ainda com os sinais do imperial forévis. Delírio meu. Com as eleições próximas, Greca empurra com a barriga o lavatório até a urna indevassável.