6:39PENSO, LOGO INSISTO

Rogério Distéfano

UM PREFEITO tem que respeitar o patrimônio da prefeitura. Não pode fazer do público seu privado. Vale para qualquer patrimônio, federal, estadual e municipal. Envolve desde os valores dos contratos da Petrobras, passa pela correta arrecadação dos impostos estaduais e pode terminar no lavatório de chumbo do tempo do Império.

E aqui me refiro ao item da Casa Klemtz, que o candidato Rafael Greca, agora, 21 anos depois, vira suspeito de ter, quando prefeito, levado na mão grande para atavio do Sítio São Rafael, sua propriedade. A ironia do nome só é oportuna e saborosa. A história é antiga, já a tinha ouvido ao tempo de Rafael alcaide, ainda que sem a especificação do suposto butim.

Como não avançou pelas vias legais, deixei-a no escaninho da memória, sempre a me perguntar quando viria à tona. Não por suspeitar do candidato, longe disso, mas porque sei que políticos descongelam desabonos alheios no momento adequado. O momento surgiu, Rafael Greca está lá em cima nas pesquisas. Como Cartago, destrua-se Rafael.

Rafael pode vencer no primeiro, e indo para o segundo turno compor-se com os candidatos filhos-de-família e seus pais. Já tem padrinho, o governador. Portanto, delenda est Rafael. Hoje, na reta final da campanha, sabe-se que a advocacia da prefeitura entrou na Justiça para reaver os bens supostamente levados da Casa Klemtz pelo então prefeito Rafael Greca.

O fato é de 1995. Em 2002, relatório da Fundação Cultural acusou o desaparecimento dos objetos. Em 2011 o aviso foi revigorado para o prefeito da época. Nada se fez para (1) expor Rafael e (2) para reaver os objetos da Casa Klemz. De 2001, na melhor hipótese, de 2012, na pior, até 2016, nada. Depois do suposto saque, Curitiba teve quatro prefeitos:

Cássio Taniguchi, Beto Richa, Luciano Ducci e Gustavo Fruet. Alguém fez alguma coisa sobre a casa assassinada? Só Gustavo Fruet. Mas num momento nada glorioso: ao fim do mandato. Esqueçamos os prefeitos anteriores. Um deles, hoje governador e apoio decisivo de Rafael, já fez tantas nos dois cargos que nem paga a pena criticá-lo.

Cássio vinha do grupo Lerner, o mesmo de Rafael. Nada faria a respeito. Ducci, sempre de chapéu estendido, até anteontem sonhava ser vice de, ou ter Rafael como seu vice.  Resta Gustavo Fruet, que não deixou no frízer o que tinha contra Rafael – o afastamento do IPPUC, com vencimentos, para trabalhar com Roberto Requião, e os atavios e faianças da Casa Klemtz.

Aos supostos podres de Rafael, Fruet deu-lhes a validade do guarda-comidas, o móvel do tempo da Casa Klemtz, onde ficava o que sobrava do almoço para ser consumido no jantar.  O que pesou na decisão dos dois processos contra Rafael? A defesa do patrimônio municipal ou o risco de Rafael ser eleito? Preciso responder?

Prefiro a outra pergunta, a elucidativa: se Rafael estivesse em baixa nas pesquisas, Fruet tocaria os processos contra ele? Essa respondo des costas: não, não chamaria, porque Rafael poderia ser valioso, útil no segundo turno. Moral (!?) da história: vamos avaliar os dois candidatos na dúvida quanto ao futuro e na decepção quando ao presente.  

Uma ideia sobre “PENSO, LOGO INSISTO

  1. Zé Povinho

    Ká ká ká isto só podia vir mesmo deste palerma, mas porquê ele não suspende aposentadoria, segundo ele mesmo e o seu principal secretário como sendo irregular? Não, é mais fácil mandar uma dupla de paspalhos procurar os “tais bens” na chácara, sim é do ex-prefeito mesmo, de Piraquara? Gente, sei que a coisa está feia, mas se rebaixar tanto é um absurdo.

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