da Associated Press
Autor de ‘Quem tem Medo de Virginia Woolf?’, Edward Albee morre aos 88
Há muitos anos, antes de passar por uma cirurgia complicada, o dramaturgo Edward Albee escreveu uma mensagem para ser lida quando morresse.
Pois lá vai: “A todos vocês que fizeram minha vida tão maravilhosa, excitante e plena, meu agradecimento e todo o meu amor”.
Albee, três vezes vencedor do prêmio Pulitzer e autor de “Quem Tem Medo de Virginia Woolf?”, morreu na sexta-feira (16) aos 88 anos em sua casa, na cidade americana de Montauk, informou seu assistente pessoal. A causa da morte não foi revelada. Ele sofria de diabetes.
Em 2005, após as mortes no mesmo ano de Arthur Miller (1915-2005) e August Wilson (1945-2005), ele passou a ser considerado o maior dramaturgo americano vivo.
Muitos de seus textos foram montadas no Brasil, entre eles “A História do Zoo”, “Quem Tem Medo de Virginia Woolf?”, “A Senhora de Dubuque”, “A Peça sobre o Bebê”, “A Cabra” e “Três Mulheres Altas”, encenados por nomes como José Wilker, Beatriz Segall, Marisa Orth, Natália Thimberg, Alessandra Negrini e Reynaldo Gianecchini.
Nascido em 1928, Albee foi adotado por um casal suburbano rico –seu pai, Reed Albee, gerenciava uma rede de teatros de vaudeville; sua mãe, Frances, era socialite.
Trabalhou como mensageiro antes de debutar no teatro com “A História do Zoo”, espetáculo no qual dois estranhos se encontram em um banco do Central Park de Nova York. Escrito em 1958, foi montado pela primeira vez em Berlim, traduzido para o alemão.
PRÊMIOS
Com a estreia de “Quem Tem Medo de Virginia Woolf?” na Broadway, em 1962, Albee foi aclamado pela crítica como o grande dramaturgo de sua geração. No espetáculo marcado pelo humor negro, um professor de meia-idade e sua mulher discutem e revelam suas ilusões durante uma noite de bebedeira com um casal mais novo.
Ao lado de “A Delicate Balance”, o espetáculo sacudiu a cena teatral então dominada por Tennessee Williams e Arthur Miller.
Considerada seu melhor trabalho, “Quem Tem Medo de Virginia Woolf?” ganhou cinco prêmios Tony, entre eles o de melhor peça. Sua adaptação para o cinema em 1966, estrelando Elizabeth Taylor e Richard Burton, conquistou cinco Oscars.
Suas peças desafiavam os espectadores a questionar suas crenças sobre a sociedade e o próprio teatro. Em mais de 30 peças, ele se debruçou sobre alguns dos pilares da cultura americana, como o casamento, a criação de filhos, a religião e os privilégios das classes abastadas.
Explorava temas do homem urbano do século 20, como a ansiedade, o rancor doméstico inflamado pelo álcool ou o descalabro conjugal causado pela morte de uma criança.
Os textos traziam um senso de prazer linguístico, decorrente de jogos de palavras alternando comicidade e seriedade.
A irreverência rendeu-lhe dois prêmios Pulitzer, por “A Delicate Balance” (1967) e “Seascape” (1975). O terceiro veio com “Three Tall Women” (1994), peça que descreveu como um “exorcismo de demônios” e encerrou um período de 20 anos sem reconhecimento crítico e comercial.
A “Three Tall Women”, seguiu-se um período frutífero de sua produção, incluindo textos como “The Play About the Baby” e “The Goat or Who Is Sylvia?”.
Em 1996, Albee foi homenageado com a Medalha Nacional das Artes. Na ocasião, o presidente Bill Clinton referiu-se a ele como inspiração para toda uma geração de dramaturgos.