ROGÉRIO DISTÉFANO
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Desleixada e montonera
A senadora Gleisi Hoffmann estava atrás de Lula no evento de crítica ao ministério público. Cara lavada, chorosa, os cabelos num descuido só comparável ao das moças da esquerda estudantil – aliás, a origem de Gleisi. Expressiva no ar misto de compunção e revolta, aliado ao senso de oportunidade para ser apanhada pela televisão. Fez lembrar Maria Madalena a prantear Cristo. Pressa, descuido, figuração, deixou de ser loira e assumiu exato o castanho acobreado de Maria Madalena no quadro de Caravaggio.
De Gleisi aceito quase tudo. Denúncias, mesmo as infundadas, barracos no Senado e argumentos infantis. Aceito, não sem revolta, seus achegos e chamegos em Roberto Requião – lembram o abraço quando o caudilho do Canguiri nos ameaçou com a guerra civil? Só nos falta o seu impossível: mudar a voz, percurso inverso ao da moça do xampu Colorama. Mas repilo energicamente a mudança no visual, nos cabelos e na maquiagem. Ela é Gleisi, não Marina – a da música, que pintou o rosto.
Falta de grana não é. Se for, cria-se para nossa senadora um fundo Avon, devidamente declarado. Vai daqui o veemente protesto e vigoroso repúdio à transição de gênero: loira-com-luzes produzida e poderosa para o escracho castanho-lambido desleixada e montonera. Que me perdoe, mas com aquela cara só gente de braço dado com o Japonês da Federal.
Gleisi pode prantear Lula, enxugar-lhe cuspe, suor e lágrimas no Santo Lulário. Quer fazer chamego no Bolívar do Bigorrilho, problema do marido, que mora de favor no apê funcional. Mas continue loira de farmácia, penteada e maquiada, nos trinques, como petista da nomenclatura. Isso de Madalena chorosa e arrependida, não mesmo.
É o desespero Rogério, daqui a pouco ela vai falar como a Dolores Ibarruri, No pasaran .
As reinações de Narizinho. Quaxquáx!
Sugiro a ela voltar ao antigo nariz, não arrebitado.
Soruda
É isso aí, Rogério. Assino embaixo. Também sou fã da “loira de farmácia”, sem o olhar compungido.