por JamurJr.
Era um bom colega e excelente amigo. Gostava de tomar alguns goles, moderadamente. Tinha um problema sério: quando estava na terceira dose, perdia a bússola. Nem o endereço da própria residência encontrava. Certa ocasião saiu da redação do jornal, perto da meia-noite, e decidiu dar uma passada no baile do Operário, no Alto São Francisco. Sabia que o Osny estava levando o Frei para participar de uma comissão julgadora de um concurso de travestis. Chegou e observou que no grande salão tinha uma fauna impressionante: gays, lésbicas, garotas de programa, jornalistas, políticos e paqueradores contumazes. Tomou mais algumas e saiu meio tonto em direção ao carro, tendo a seu lado uma companhia que havia conquistado no baile. Era uma morena bonita, empregada doméstica numa casa de gente rica no bairro Batel. Ela não teve duvidas, levou o nosso amigo para uma noite de farra em seu quarto no sótão da casa onde trabalhava. Sábado a família estava fora e o clima era favorável. Ele chegou e dormiu. Acordou no dia seguinte sem saber onde estava e como chegou ali. Ela apareceu com um café fraco, afirmando que ele deveria continuar ali até que os patrões deixassem o caminho livre para sua saída. Como ninguém saía e ela não aparecia, foi ficando até o anoitecer. Dormiu até alta madrugada quando saiu quieto, com medo, no escuro, sem saber que lugar era aquele. Na rua identificou o local, o bairro e a proximidade com sua residência. Menos de duas quadras de onde morava. Caminhou até a casa, entrou e levou um susto quando a mulher apareceu perguntando:
– O que aconteceu? Onde você esteve que não veio dormir em casa?
– Se eu te contar você não vai acreditar.
-Pois conte que estou ouvindo.
Ele contou tudo como tinha acontecido e ficou esperando a resposta, que veio curta.
– Era só o que faltava, além de encher a cara, agora virou um grande mentiroso.
JamurJr