de Ticiana Vasconcelos Silva
Desliguem essa máquina, por favor!
Até o presente instante ela só me fez concluir que todo objeto do amor é mera ilusão
Que o amor não se concretiza em mim, porque sou etérea e espacial
Que os meus pressentimentos e intuições só me levaram à derrocada
Mas que minha pele é mais forte que o sol equatorial
Como desafiar Deus neste grande mistério que é o amar e se os homens têm sua própria vontade?
O que está escrito sagradamente não pode ser sentido em um pote de sorvete
Mas a alma canta, toda vez que os cristais gélidos do inverno tocam meu rosto
E tudo isso é mais que o amor: é o viver amando
Quem me dera eu pudesse saber os planos secretos do divino
Assim não perderia meu tempo te amando, pois sei que o que não pode ser correspondido agora, não se dispõe a ser sentido amanhã
Por isso, vá embora e não se despeça
Porque o tempo é maior e a dor é a última prova do amor
E se passo por isso com destemor e com o próprio amor que não descansa
É porque me farei forte para seguir sem o seu olhar sobre minhas mãos
Que delicadamente teclam palavras para te dizer que era você que iria consertar os eixos dessa máquina desatinada
E que repetida e incessantemente diz te amar
E somente por esta única razão eu te digo: volte somente quando o deserto for mar.