Eleonora Fruet
PARA POUPÁ-LO de continuar a leitura desta carta informo que não votei em você para prefeito. Não por você e seu currículo, que são admiráveis, mas pela aliança com o PT. Também não foi em repúdio a Mirian Gonçalves, sua vice, petista histórica, de quem gosto muito como pessoa e até como militante. Porém, as alianças partidárias são ofensas ao cidadão e ao eleitor: para ganhar votos os candidatos se desconstroem reciprocamente no primeiro turno e se recompõem no segundo. O eleitor, sempre o tolo embevecido, fica solidário à desconstrução num momento e solidário à reconstrução no segundo.
Pensei o seguinte. Gustavo foi ferrenho opositor do PT, investigador dedicado das fraudes de Lula na câmara federal, e agora se alia ao PT! Sim, entendo, os partidos políticos não têm credo, ideologia, princípios e organicidade. Não passam de feudos em que os que controlam expulsam os que querem crescer dentro deles. Assim aconteceu com você, expulso por Beto Richa para não criar obstáculos aos planos dele (eu disse planos?) – que, acabamos por constatar, não eram os melhores, para dizer pouco. Sendo assim, para sobreviver alia-se ao diabo, se necessário. Como Winston Churchill com Stálin e Requião com seu difamado na véspera.
Disse a mim mesmo na urna: Gustavo hoje está com o PT, amanhã estará com Richa, em seguida com Requião. Se o curitibano e o paranaense não têm memória e estômago, os meus estão funcionando bem. Desconfio que você esperou até o último momento o apoio de Greca ou de Requião para sua reeleição. Por que digo isso? Coisa simples: deixou Rafael Greca quatro anos a receber salários do IPPUC enquanto ele se fazia de assessor de Requião no Senado. Quatro anos, todos sabiam, do presidente do IPPUC a Ricardo MacDonald, seu super assessor que entrou na derradeira hora com o processo para anular a aposentadoria de Greca – que você deferiu como prefeito.
Digamos que diante do todo, esse lance da licença foi pecado venial. Beto fez coisas piores e brinca com a memória dos paranaenses e dos curitibanos. Ainda há tempo, mesmo com o resultado humilhante da primeira pesquisa de intenção de voto. Desde que você se mexa, Gustavo. Mesmo que sua grande credencial seja a de lembrar o excelente funcionário que chegou a prefeito promovido por merecimento, isso não basta. Tem que usar as armas dos adversários, no caso Rafael Greca. Sem a ousadia de dar pitaco no seu marqueteiro, sugiro que ponha suas mulheres na campanha. Você está em vantagem, tem três, e poderosas, a mãe, a irmã e a mulher propriamente dita.
Se Greca vem com a ‘minha Margarita’, lance no ringue a sua mãe Ivete, que certa vez expulsou Roberto Requião da porta de sua casa como Cristo aos vendilhões do templo; chame Eleonora, sua irmã, feições com o mistério e a essência das musas renascentistas, cabeça brilhante para os números, presença e o carisma que a genética sonegou de você. E para fechar com brilho, traga Márcia – a sua, a nossa Márcia – inteligente, bela e polaca como Ewelina Hanska, a condessa, musa, namorada e a final mulher de Balzac. Chame a Margarita dele para debater com qualquer uma das suas – ou apenas com a nossa Márcia.
Mexa-se, Gustavo, que até os self made filhos, os filhos que se fizeram filhos e só por isso candidatos, estão com mais espaço na mídia. Desta vez votarei em você. No primeiro turno. Perca ou ganhe, meu voto não credencia ninguém, pois quando não vai para o honesto perdedor vai para o mentiroso vencedor. No segundo turno, se você chegar lá, vamos ver, depende das alianças. Se não gostar delas, voto em você de novo. Para que perca a eleição.
Deste que é seu admirador sincero e obrigado
Rogério Distéfano
Permite-me subscrever o texto, caro Rogério? Minha única diferença com você é que eu votei no Gustavo, a despeito da presença no PT na chapa – veja como às vezes eu sou condescendente…
Célio, gostaria de ir de carona nas suas palavras. De ponta a ponta.
Idem.