Rogério Distéfano
SUMIU A FAIXA PRESIDENCIAL do Brasil. Michel Temer mandou tirar da naftalina para envergá-la na posse definitiva de presidente e nada de faixa. Como sempre, instaurou-se sindicância para ‘apurar responsabilidades’. Minhas suspeitas indicavam duas linhas de investigação.
(1) Levaram na mão grande
Algum petista aparelhado no Planalto escondeu a faixa por entender que ela era direito inalienável e perpétuo de Dilma, por obra e graça do voto. Apenas Dilma, tão só e somente ela, porque mulher, mãe e militante torturada, torturadora da inteligência, merece a faixa.
Temer não tem direito à faixa, com ou sem impeachment, pois é traidor, golpista e não foi eleito; melhor, eleito apenas para substituir Dilma em viagens e enfermidades. Então os presidentes anteriores, também eleitos, não conquistaram legitimamente a faixa? Fiquei vendido.
O outro lado: quem leva a Petrobras na mão grande, também leva a faixa. Como quem leva os presentes de Estado em transporte e depósito pagos pela Odebrecht. A lei declara que são do Estado. Quem levou jura que é dono. E manda enfiar no c* de quem reclama.
(2) Caso de peraltice
Companheiros com aquilo vermelho e companheiras de grelo duro receberam consultoria da equipe que acompanha o senador Roberto Requião em peraltices desde que o caudilho do Bigorrilho, já um estroina, disputava a presidência da União Paranaense dos Estudantes.
O desaparecimento da faixa lembra uma dessas peraltices: a de retirar a letra ‘jota’ das máquinas do gabinete para atrapalhar o prefeito Jaime Lerner no dia em que este assumia a prefeitura de Curitiba. A limitação deste espaço não permite narrar mais peraltices.
Chega de faixa
Ainda que a faixa seja símbolo/insígnia do poder, indispensável à investidura presidencial, aproveite-se o sumiço para acabar com ela. É cafona, feia, típica de republiqueta bananeira copiando as monarquias – que ainda conservam seus reis enfaixados, como o príncipe da Gata Borralheira.
Presidente (a) é diplomado (a) e assina o termo de posse. Está de terno e gravata ou de vestidinho bege sem graça, mangas de crochê. Não precisa faixa para embair o povo. (Embair, igual a enganar. Arranquei o verbo já meio comido da boca de uma traça, refestelada no Aurélio como perua em espá.)
A faixa e o jabuti
Para o bem da república, a faixa apareceu. Melhor, foi aparecida na quarta-feira passada. Bastou arredar o armário do Cerimonial. Estava lá a faixa, que nem o penico embaixo da cama da vovó. Conversa fiada. Quem se adonou do Brasil, adona-se da faixa.
O lance da faixa lembra a lenda do jabuti: ele não trepa em árvore; se está lá, ou foi levado pela enchente ou por mão de gente. A faixa não pulou sozinha para baixo do armário, em protesto contra o golpe corrupto-coxinha. Teve mão boba companheira.