Do blog Cabeça de Pedra
Como vou pensar no paraíso se estão enfiando agulhas embaixo das unhas dos meus pés? É uma frase forte? Não dá para saber – e que os ativistas sob o calor dos edredons não pensem em tortura de militares, policiais, etc. É só uma frase de alguém que teve o rumo da vida normal atropelado por uma enfermidade, que não é fatal, mas tirou sua energia e dificultou a respiração e o simples ato de tomar um copo de água. Quanto sacrifício, mesmo sem dor, apenas com um incômodo que grudou na alma como se dela insista em nunca mais sair! Será isso um exercício de paciência para, depois, dar valor à vidinha normal e saudável? Quantas perguntas! Não há respostas – e se alguém falar sobre isso, como aconselhamento, corre o risco de levar um contravapor, para deixar de ser besta. O paraíso é visto num álbum de fotografias de vários lugares do mundão. Olha lá a felicidade num barquinho singrando o Rio Amazonas e vendo um transatlântico iluminado navegando em sentido contrário! Praias, lagoas, sítios. Tudo devidamente grudados no papelão cinza por cantoneiras daquelas. As unhas estão intactas. Falta cortar. Estão a furar meias. Vai ver que é isso.