por Célio Heitor Guimarães
Desculpem-me os frequentadores de Miami, New York, Paris, Veneza, Lisboa, Barcelona, Dubai ou Tibet, mas, se estão à procura de novidade, beleza, história, cultura e distração, não precisam ir tão longe.
Sabem a Serra da Mantiqueira? Aquele conglomerado de montanhas, de 500km de extensão, que se estende de São Paulo ao Rio de Janeiro, com destacada presença em Minas Gerais? Pois é, nas terras da Mantiqueira tem tudo isso – novidade, beleza, história, cultura, distração e outras cositas mais, como céu azul, ar respirável, boa comida, boa bebida, bom folclore, bom perfume, flores, pássaros, riachos de águas cristalinas e, sobretudo, gente da melhor espécie. E é coisa nossa. Fica aqui no Brasil, a poucos passos dos grandes centros, ali se fala português e a moeda é o real.
Sei que é difícil convencer disso quem já se acostumou a passar mal e a ser mal tratado em aeroportos, viajar apertado, comer porcaria a bordo e a ser explorado em dólar e em euro, só para incluir no seu curriculum vitae que esteve nos States ou na Europa. Mas não custa tentar.
Cleonice, minha mulher, e eu, sempre que podíamos, levávamos nossos olhos para passear e se encantar nas Terras Altas da Mantiqueira. Sempre por terra, via rodoviária: Poços de Caldas, Caldas, Pocinhos do Rio Verde, Extrema, Campos do Jordão, São Bento do Sapucaí, Gonçalves, Santo Antônio do Pinhal, São Francisco Xavier, Delfim Moreira, Monte Verde, Caxambu, Baependi, São Thomé das Letras, São Lourenço, Cambuquira, Lambari, Itamonte, Itanhandu, Passa-Quatro, Pouso Alto, Carmo de Minas, Marmelópolis, São Sebastião do Rio Verde, Virgínia, Maria da Fé, Alagoa, Visconde de Mauá, Itatiaia, Engenheiro Passos… e por aí afora. Experiências fantásticas, inesquecíveis.
Nesses lugares, as pessoas se cumprimentam nas ruas, sejam ou não conhecidas; os sinos tocam religiosamente às seis horas da tarde; o comércio fecha as portas quando passa um enterro; as ruas são varridas à noite com galhos de árvores; há coretos nas praças centrais, onde bandinhas se apresentam nos finais de semana; casais passeiam de mãos dadas; na Quaresma, os santos são retirados das igrejas, em vez de as imagens serem cobertas com tecido roxo; no comércio, além do bom queijo e da boa pinga, é grande a oferta de doces caseiros, tem pantufas, fumo de rolo e outras mercadorias do gênero.
Outro dia, viajando na internet, descobri um lugar que ninguém conhece. Nem eu. Dom Viçoso. Duvido que o leitor já tenha ouvido falar dele. No entanto, está a pouco mais de 20 quilômetros de São Lourenço, entre Carmo de Minas, Virgínia e Sebastião do Rio Verde. Encanta já à distância, encravado na montanha, cercado de verde por todos os lados. Talvez seja o paraíso na terra, em pleno sul das Minas Gerais. Deve o nome a Dom Antônio Ferreira Viçoso, bispo de Mariana.
Flora Maria – que se identifica como “uma pessoa que acredita em sonhos e luta pelos seus ideais”, e é “ambientalista feroz, ama a Mãe-Terra e o Povo das Estrelas (chuva, vento, trovão, arco-íris, lua, sol e nuvens” – foi lá e se deslumbrou. Batizou o local de “cidade-presépio”, passeou pelas ruas limpas e bem conservadas, visitou a Igreja Matriz de N. S. do Rosário, apreciou os antigos ladrilhos que circundam a igreja, encantou-se com as flores brancas que se enrodilham nas pilastras da praça, conheceu o artesão Alvino Ribeiro, que trabalha com madeira e criatividade, provou o tradicional “biscoitão” deMinas, conversou com os moradores e os surpreendeu com sua presença ali.
Ainda haverei de ir a Dom Viçoso. O motivo dispensa explicação. Basta contemplar a foto que ilustra este texto para compreender.
P.S. I – Dei como exemplo as terras da Mantiqueira porque é uma região que eu conheço razoavelmente bem, mas com certeza pequenos paraísos são encontráveis em todas as regiões do Brasil.
P.S. II – Este texto é dedicado ao amigo de fé e velho camarada Edson Dallagassa, que, depois de haver conhecido boa parte do mundo, encantou-se como o interior do Brasil.
Célio, parece São Luiz do Purunã!
Que lixo!!!
Pega alguma Wifi??
Em Extrema, fincou-se o projeto “Produtor de Águas!, já remedado nacional e internacionalmente, menos aqui, no Paraná. Funciona assim – O sitiante tem lá suas suas tantas vaquinhas leiteiras, soltas nos pastos, bebendo água nas nascentes d’ algum rio e consequentemente pisado sua vegetação e assoreando as minas. Chega um cara da prefeitura e é informado que o cidadão ganha x mensais com a venda do leite das bichinhas. O cara da prefeitura, acertado com o sitiante, mede o entorno das nascentes daquele rio e manda a peãozada da prefeitura cercar com palanques e arame fardado, a área comprada, e isso se estende aos suas vizinhos. Os animais são transferidos para outras pastagens e passarão a beber água em bebedouros apropriados. Fim do mês, o sitiante vai à prefeitura da bela Extrema para apanhar o seu cheque, quantia correspondente ao que recebia antes. As nascentes de Extrema, querem saber, abastecem a metade do sistema Cantareira, o maior abastecedouro d’ água de São Paulo. Quem pensa que é a prefeitura que paga o Produtor de Água, está errado. A ANA, Agência Nacional de Águas dispõe de um fundo constituido por empresas, cuja obra-prima dos seus produtos é a água, como cervejarias, a Coca-Cola, o Chocolate Garoto, por ai.
Claro que não, Irmão do Silvestre. Quem usa essas besteiras é expulso da cidade a vara de marmelo.
A beleza do texto coincide com o que se encontra na Mantiqueira. Neste início de ano, vindo do Rio, passei por lá. Gostaria de ter a capacidade do nosso Manoel de Barros para descrever o que vi. Quero voltar sim; pelas serras, cachoeiras, matas, pão de queijo, rapadura, pão na linguiça, e aquela hospitalidade 100%. Quem não foi ainda, não sabe o que está perdendo. Voltarei!!!!!!!!!!!!!!!!
Adoro este tipo de gente, eram frequentadores assíduos, em tempos passados, do circuito Elizabeth Arden, lembram-se disto meus caros? . Agora ficam se convencendo e convencendo a maioria dos brazucas de que bom mesmo é Pindorama, a terra de Macunaíma. E tem gente que acredita neste trololó.. Não temos terrorismo . E nem precisamos, a violência é tanta que já estamos acostumados a ela. E todo tipo de barbaridades. Terremotos? Não, só os Mensalões e Petrolões, estes sim são terremotos, eles nos levaram para o buraco em que ora estamos. Mas bom mesmo é Pindorama.
Célio, onde está a estrada pela qual se pode chegar a Viçoso?
Andei e morei em muitos lugares, inclusive na bela Curitiba; fui cidadao de diferentes paises, vi outras culturas, porem sonho agora meus dias com a aprazivel Campos do Jordao.
Belo lugarejo. Que continue assim. Pelos séculos. E livre de uma Samarco.
Olha aí, pessoal. O acima homenageado Edson Dallagassa recomenda ainda uma visitinha a Bichinho, a uns 30 km de Tiradentes, e Topo do Mundo, no município de Brumadinho. Podem ser conferidos na internet.
Vou descobrir e depois lhe informo, meu caro Ivan.