De novo o filme na tela. A oposição ao governo do Paraná gritou ontem na Assembleia Legislativa: “Governo Beto Richa coloca Copel e Sanepar à venda no ‘pacotaço”. Valdir Rossoni, secretário da Casa Civil, respondeu: “ O texto da lei é claro ao dizer que o Estado não vai perder o controle das estatais. A lei reforça a obrigação de o Estado manter o controle sobre as empresas”. Enquanto isso, a ninguenzada trabalha, acompanha as disputas da Olimpíada e, ao saber do assunto quer apenas saber se vai faltar luz e água no lar.
Leiam os textos do entrevero:
Rossoni esclarece medidas que o governo enviou para a Assembleia
O chefe da Casa Civil Valdir Rossoni esclareceu nesta terça-feira (16) alguns pontos do conjunto de medidas que foram enviadas para a Assembleia Legislativa. Segundo ele, a população precisa saber que não haverá nenhum impacto para o contribuinte paranaense. “Os paranaenses já deram sua contribuição para o ajuste fiscal do Estado”, afirma.
Rossoni disse que uma das medidas que podem gerar polêmica é a criação de taxas sobre o uso da água e recursos minerais. Ele esclarece que a cobrança só vai ocorrer no caso do uso do potencial hídrico e mineral do Paraná para produção de energia que é vendida para fora do Estado.
O chefe da Casa Civil também alertou que o governo está pedindo autorização para venda de ações excedentes das empresas públicas, mas o texto da lei é claro ao dizer que o Estado não vai perder o controle das estatais. “A lei reforça a obrigação de o Estado manter o controle sobre as empresas”, informa.
Ele ressaltou que não é o caso de vender ações imediatamente, mas sim garantir a negociação na hora oportuna, já que o processo é demorado e hoje depende de autorização legislativa. “O que poderá ser vendido é um recurso que está parado na Bolsa e pode ser melhor aplicado. São as cotas que não interferem no controle acionário”, reforça.
Rossoni citou outra medida importante, que é o perdão de dívidas de IPVA anteriores a 2011. Segundo o chefe da Casa Civil a inadimplência é muito baixa (2,9%) e os valores que deveriam ser cobrados praticamente não cobrem as despesas judiciais.
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Governo Beto Richa coloca Copel e Sanepar à venda no “pacotaço”
A autorização para que o governo estadual venda ações da Copel e da Sanepar, prevista no “pacotaço” de ajuste fiscal enviado ontem à Assembleia Legislativa, foi criticada pelos deputados da oposição na sessão desta terça-feira (16). O Projeto de Lei enviado pelo governo estadual tem 153 artigos e contempla mais de 20 temas diversos sem qualquer afinidade entre si.
Entre as propostas está a autorização para a venda de ações da Copel e da Sanepar, desde que assegurada a manutenção do controle acionário pelo Estado, e a revogação de dispositivo que determina que o governo deve deter, no mínimo, 60% das ações ordinárias (com direito a voto) da Sanepar.
O Estado possui atualmente 51,38% das ações totais da Sanepar e, em caso de venda, passará a ficar com apenas 24,83%, uma redução de 26,55%. Ao mesmo tempo, o governo é dono de 31% das ações totais da Copel. Em caso de venda, passará a ter somente 26,5%, uma redução de 4,5%. Com a provável venda, o Paraná deixará de receber parte dos dividendos das estatais.
Considerando os preços atuais das ações, as vendas poderão resultar em receita de cerca de R$ 1 bilhão aos cofres públicos.
“Estão gradualmente vendendo a Copel e a Sanepar sem que a população se dê conta disso”, denunciou o deputado Requião Filho (PMDB), líder da oposição. “Querem a venda das ações e dos ativos imobiliários para cobrir o rombo de um governo perdulário, que gasta mais do que arrecada. O Paraná tem um governo ruim, atrapalhado e desastrado, preocupado apenas em chegar em 2017 em ritmo eleitoreiro”, afirmou.
O Poder Executivo também quer a criação de taxas para empresas pelo uso e fiscalização da água e de recursos minerais, autorização para vender imóveis de empresas públicas sem autorização do Poder Legislativo, autorização para executar empréstimo de R$ 150 milhões junto ao Banco do Brasil e autorização para renegociar dívidas do Estado com a Copel e Sanepar.
Vice-líder da oposição, o deputado Tadeu Veneri (PT) classificou o “pacotaço” como uma “tragédia” e disse que é surpreendente a criatividade do governo do PSDB em criar alternativas para aumentar a arrecadação. “Já botaram a mão na previdência dos servidores, aumentaram impostos como o IPVA e ICMS e agora querem taxar a água, o que vai aumentar indiretamente os outros insumos. Vamos lutar para barrar que esta tragédia seja aprovada na Assembleia”.
Já o deputado Nereu Moura (PMDB) criticou a criação do Conselho de Controle das Empresas Estatais (CCEE), que ficará subordinada à Secretaria da Fazenda (Sefa) e terá a atribuição de fazer o acompanhamento das atividades e avaliação de desempenho das empresas públicas, inclusive autorizar o aumento de capital das estatais e subsidiárias. “O governo está criando um Conselho para fazer o papel do Poder Legislativo. É um atentado à democracia e à Constituição do Paraná. Se este projeto for aprovado podemos fechar a Assembleia”, disse.
Confira as principais medidas propostas pelo governo no “pacotaço”
– Autoriza o Poder Executivo a vender ações da Copel Sanepar entre outras empresas públicas e sociedades de economia mista;
– Revoga o dispositivo que determina que o Estado deve deter, no mínimo, 60% das ações ordinárias (com direito a voto) da Sanepar. Como o governo possui 74,97% das ações ordinárias, poderá se desfazer de até 24,96% mantendo o controle acionário no limite mínimo legal;
– Cria duas novas taxas: Acompanhamento e fiscalização das atividades de pesquisa, lavra, exploração e aproveitamento de Recursos Hídricos e Acompanhamento e fiscalização das atividades de pesquisa, lavra, exploração e aproveitamento de Recursos Minerais. As taxas serão cobradas de empresas que são grandes usuárias da água não tratada e recursos minerais;
– Cria o Conselho de Controle das Empresas Estatais (CCEE), que ficará subordinada à Secretaria da Fazenda (Sefa). O Conselho terá a atribuição de fazer o acompanhamento das atividades e avaliação de desempenho das empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações, inclusive autorizar o aumento de capital das estatais e subsidiárias;
– Permite que o governo faça a alienação de imóveis da Cohapar, Sanepar, Copel, entre outras empresas públicas, sem autorização da Assembleia Legislativa;
– Autoriza o governo a renegociar dívidas com a Copel e Sanepar;
– Autoriza o Estado a realizar empréstimo de R$ 150 milhões com o Banco do Brasil para financiar o Programa Rotas do Desenvolvimento;
– Isenta o Estado e suas autarquias, a Defensoria Pública e o Ministério Público das custas e taxas judiciais cobradas pelo Tribunal de Justiça nos processos em que o Estado é parte, para evitar que use recursos para realizar um pagamento para ele próprio;
– Institui súmula vinculante para reduzir o contencioso administrativo (matérias já pacificadas pelo conselho passam a orientar a decisão de novos processos); extingue o recurso hierárquico (é favorável ao contribuinte, porque o julgamento final fica exclusivamente no âmbito do CCRF, eliminando a terceira instância, que era o Secretário da Fazenda) e institui o depósito administrativo. O CCRF será constituído por no mínimo duas e no máximo quatro Câmaras, compostas, cada uma, por seis Conselheiros (três do Estado e três dos contribuintes).
Não sabia que vender participação acionária de 49% signifique se desfazer da empresa. E vender imóveis inservíveis é mais uma medida de economia e racionalidade administrativa. Mas temos um trauma quando se trata de venda de bens públicos, participação acionária e concessões, casos passados não nos trazem boas lembranças.
Tucanos sabem fazer bons negócios em privatizações. Todas transparentes e sem ilícito. Quem disser o contrário deveria ser açoitado e posteriormente condenado à fôrca por traição ou blasafêmia.
Blasfêmia.