18:29Didi

por Eduardo Galeano

Os jornalistas o consagraram como o melhor criador de jogadas do Mundial de 58.

Ele foi o eixo da seleção brasileira. Corpo enxuto, pescoço longo, estátua erigida de si mesmo, Didi parecia um ícone africano plantado no centro do campo. Ali, era dono e senhor. Dali, disparava suas flechas envenenadas.

Ele era o mestre do passe em profundidade, meio gol que se tornava gol inteiro nos pés de Pelé, Garrincha ou Vavá, mas também fazia seus próprios gols. Chutando de longe, enganava o goleiro com a folha seca: batia na bola com o lado do pé e ela saía girando e girando voava, dava cambalhotas e mudava de rumo como uma folha seca perdida no vento, até que se metia entre as traves, no ângulo onde o goleiro não esperava.

Didi jogava quieto. Mostrando a bola, dizia:

Quem corre é ela. 

Didi sabia que ela está viva.

Uma ideia sobre “Didi

  1. Zangado

    Perguntar não ofende: algum meio campista de hoje mereceria palavras tão belas e exatas de um tão célebre escritor e apaixonado por futebol ?

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