por Vanessa Graziotin
Recebi o honroso convite da Folha para escrever neste espaço às terças feiras, com absoluta liberdade de expressão, e aqui estou.
Preliminarmente, registro minha satisfação em colaborar com um dos mais tradicionais jornais do país que, tal qual o meu partido, o PCdoB, se aproxima de um século de existência. Ninguém sobrevive tanto tempo sem méritos.
Mas, vejam só, quis o destino que eu inaugurasse esta coluna justamente no dia em que o relator do processo de impeachment, o senador Anastasia (PSDB-MG), apresenta seu parecer à Comissão Especial.
Assistiremos a um episódio triste da nossa história, pois é pouco provável que o voto do relator não seja pela pronúncia da presidenta Dilma Rousseff, mesmo diante das mais robustas evidências de que não há materialidade do fato, não há dolo e tampouco indício de autoria ou participação da presidenta nos alegados crimes de responsabilidade.
Dos 21 membros da Comissão Especial, apenas cinco votaram contra o afastamento da presidenta. Apesar dessa enorme desproporção temos conseguido demonstrar que o processo não tem base legal. É um golpe!
Sobre as tais “pedaladas”, razão maior da denúncia, tanto a perícia do Senado quanto o Ministério Público Federal concluíram que não há crime. É assunto encerrado! Também não há qualquer ilegalidade nos decretos de suplementação orçamentária, prática reiterada e aceita pelo TCU.
Não é à toa que, apesar de toda a carga midiática, a maioria do povo brasileiro, segundo o Datafolha, não crê que o processo de impeachment se dê dentro dos requisitos legais e constitucionais.
O próprio usurpador, Michel Temer, confirma essa versão ao afirmar que o processo contra a presidenta é eminentemente político — o que não tem qualquer respaldo em nossa Constituição. Tal fato revela oportunismo e falta de apreço às nossas leis, instituições e à democracia.
Como se vê, a discussão no âmbito desse surreal processo é toda em cima de fumaça! Querem inventar crimes em situações não tipificadas pela lei.
A política, portanto, é a real razão desse golpe. Querem mudar o projeto que vem sendo implantado nos últimos 13 anos, o que trará graves e perversas repercussões para os trabalhadores e para a nossa gente mais humilde. Por isso, a efetivação do presidente interino é o pior de todos os cenários. E diferentemente do que alguns imaginam, não trará estabilidade política.
É diante desse quadro, complexo e grave, que defendo a realização de um plebiscito para decidir da antecipação das eleições presidenciais. É com essa bandeira que alcançaremos os votos necessários para barrar esse golpe, que tanto fere, envergonha e prejudica nossa nação e nosso povo.
*Publicado na Folha de S.Paulo
Pois e ! E com estes pifios argumentos que os adoradores da outrora Presidente e nao Presidenta, pretendem conquistar a opiniao publica e nos convencer de que houve golpe! Sozinho o Procurador do Tribunal de Contas da Uniao provou todas irregularidades apontadas na acusacao!
Papel aceita tudo. O direito de expressão do pensamento está consagrado. Mas o convencimento é imprescindível. Não consegue. Plebiscito é que seria um golpe. Não ocorrerá. A Constituição e as leis estão sendo cumpridas. O anseio inconteste da sociedade decente é querer ir às ultimas consequências quanto ao maior e descarado esquema de corrupção jamais estabelecido no país, justamente por aqueles que deveriam ser os primeiros a respeitar o povo que lhes deu a oportunidade de governar para o bem geral e não roubá-lo sem dó nem piedade.