por Eduardo Galeano
Foi no Mundial de 50. Na partida contra a Iugoslávia, Zizinho fez um gol bis.
Este senhor da graça do futebol tinha feito um gol legítimo, que o juiz anulou injustamente. Então, ele repetiu igualzinho, passo a passo. Zizinho entrou na área pelo mesmo lugar, esquivou-se do mesmo beque iugoslavo com a mesma delicadeza, escapando pela esquerda como tinha feito antes, e cravou a bola exatamente no mesmo ângulo. Depois, chutou-a com fúria, várias vezes, contra a rede.
O árbitro compreendeu que Zizinho era capaz de repetir aquele gol dez vezes mais, e não teve outro jeito senão aceitá-lo.