“Eu sou eu mais minha circunstância, e se não salvo a ela não salvo a mim”
Outríssimo saco
ROGO a Maria Bueno, precursora curitibana da Lei Maria da Penha, para que Beto Richa vá realmente de Rafael Greca na eleição de prefeito – até agora está como o atacante que faz a paradinha antes de bater o pênalti. Morro de medo que Gustavo Fruet queime sua biografia sem manchas com o apoio de Beto “e sua circunstância”.
A ‘circunstância’ de Beto Richa, que relaciono pelo critério dos números abertos, exemplificativamente: (1) congelamento da passagem de ônibus quando vice-prefeito e sufoco no repasse à prefeitura quando governador; (2) declaração juramentada de que não deixaria pela metade o mandato de prefeito para disputar o governo do Estado; (3) a sogra fantasma; (4) a proteção escandalosa a Ezequias Moreira;
(pausa para o e/leitor)
(5) engodo de estilo dilmista para a reeleição ao governo, sobre a situação financeira do Estado; 6) a troca do cargo de conselheiro de contas pelos depósitos judiciais; (7) o primo tão longe de mim chegado Luís Abi Antoun e suas proclividades em secretarias e comitivas do governo; (8) a nomeação de seu copiloto para chefiar a arrecadação estadual e a derivada arrecadação de campanha pelos agentes fiscais.
Rafael Greca se não tem nada a perder com o apoio de Beto Richa, ganha minutos no horário eleitoral (se tem apelo telegênico é outra conversa). Beto usa o apoio para testar a memória do paranaense, em cuja amnésia até hoje apostou e ganhou. Agora Beto lembra a pauta de Ortega y Gasset, o filósofo espanhol: “Eu sou eu mais minha circunstância, e se não salvo a ela não salvo a mim”.
Gustavo pode ser reeleito ou não. Mas sem Beto, mesmo gloriosamente sozinho, será vencedor, mesmo não reeleito. Claro que em política importa vencer, não importa o preço, aliás, o custo para o povo na mais valia de empreiteiros e obras públicas. Pelo que mostrou até hoje, e até robusta e insofismável prova em contrário, Gustavo é farinha de outríssimo saco.
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SUS para ministro
O governo federal quer acabar com a judicialização da saúde, aquilo de buscar no Judiciário tratamentos e cirurgias não oferecidos pelo SUS ou oferecidas com demora e sem eficácia. Até daria para pensar, desde que o governo não tirasse dinheiro do orçamento para financiar planos de saúde do presidente, governadores, ministros, deputados, senadores, magistrados e funcionários de estatais.
Se for assim, unilateral, o ministro Ricardo Barros, da Saúde, que demonstre como ele, deputado de décadas de mandatos, sua mulher vice-governadora de um e deputada de muitos mandatos e sua filha deputada de primeiro mandato tratam as esplêndidas e viçosas saúdes. Caso Suas Exuberâncias estejam nesse estado graças ao SUS do povão, cancelo meu plano de saúde e vou para a fila da misericórdia.
Terrorista persa
Pourya Paikani, iraniano, foi detido quando fotografava o aeroporto de Guarulhos. Alerta de terrorismo na PF, que obteve da Justiça ordem de deportação. Passou a ser ‘monitorado’, mas sumiu, apareceu no aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre. Apareceu e sumiu de novo.
A estas horas Pourya deve estar tramando na tríplice fronteira. Não que o suposto terrorista voasse em tapete persa, driblando a Justiça cega. Ou que a PF tenha sido mais lenta que a tartaruga da anedota. O problema foi o ‘monitor’, aqueles de caixote, de antes da tela plana.
ROGÉRIO DISTÉFANO