por Elio Gaspari
Dilma Rousseff disse que “o erro mais óbvio que cometi foi a aliança que fiz para levar a Presidência nesse segundo mandato com uma pessoa que explicitamente, diante do país inteiro, tomou atitudes de traição e usurpação”. A doutora não gosta de reconhecer seus erros e é possível que essa frase seja mais um pretexto para falar mal de Michel Temer do que uma reflexão sobre sua ruína.
Como está cada vez mais próximo o dia em que Dilma Rousseff passará para a história restará uma pergunta: como foi que ela chegou a essa situação?
A aliança com o PMDB não foi um erro, foi o acerto que permitiu sua reeleição. Sem Temer na Vice-Presidência ela não ficaria de pé. Não foi Temer quem fritou Dilma, foram ela e o comissariado petista que tentaram fritar o PMDB.
Logo depois da eleição de 2014, sob os auspícios da presidente, o PT começou a dificultar a vida do PMDB. Fizeram isso de forma pueril. Sabiam que Eduardo Cunha era candidato à presidência da Câmara dos Deputados e acreditaram que poderiam derrotá-lo lançando o petista Arlindo Chinaglia. Eleger um petista em plena Lava Jato era excesso de autoconfiança. Acreditar que isso seria possível com a ajuda do PSDB foi rematada ingenuidade.
Quando o barco da prepotência petista começou a adernar, Dilma decidiu pedir socorro ao PMDB e convidou Temer para a coordenação política do governo. Ele não precisava aceitar, pois era vice-presidente da República. Em poucas semanas recompôs a base governista, mas coisas estranhas começaram a acontecer. Temer fazia acordos, os parlamentares cumpriam e o Planalto renegava as combinações. Em português claro: Temer fez compras usando seu cartão de crédito e Dilma não pagava as faturas. Ele foi-se embora e, aos poucos, juntou-se às multidões que pediam “Fora, PT” nas ruas. (Elas gritavam “Fora, PT”, mas não pediam “Temer Presidente”, esse é o problema que está hoje na cabeça de muita gente.)
O comissariado do PT achou que hegemonia política é coisa que se obtém a partir de um programa de governo. Gastaram os tubos e produziram ruína econômica e isolamento político.
Talvez o maior erro de Dilma tenha sido outro, fingir que não via a manobra silenciosa de Lula tentando substituí-la na chapa da eleição de 2014. E o maior erro de Lula foi não ter sentando diante de Dilma dizendo-lhe com todas as letras que queria a cadeira de volta.
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As coisas boas também acontecem
Por caminhos diferentes, dois repórteres mostraram o absurdo que é a transformação da Força Aérea numa locadora de jatinhos para atender maganos do governo.
Marina Dias contou que Dilma Rousseff preferiu alugar um jatinho privado para voar de Brasília a Belém. Num Legacy da FAB ela pagaria R$ 100 mil pelo bilhete de ida e volta. No mercado, conseguiu a mesma coisa por R$ 90 mil.
No início do mês, Vinicius Sassine mostrara que em três anos a FAB não conseguiu atender a 153 pedidos de transporte de órgãos para transplantes. No mesmo período, atendeu a 716 reservas de ministros e dos presidentes do Supremo Tribunal, da Câmara e do Senado. Em geral essa boca rica ajuda os hierarcas a fugir de Brasília. (Entre janeiro e setembro de 2015, Eduardo Cunha fez 71 voos.)
A exposição do custo social da mordomia levou o governo a determinar que a FAB mantenha sempre um avião disponível para o transporte de órgãos. Sassine foi conferir o resultado e contou que, em apenas três semanas, foram transportados oito corações, quatro fígados e dois pâncreas.
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PORTA FECHADA
É quase nula a possibilidade de o Ministério Público de Curitiba aceitar uma proposta de colaboração vinda de Eduardo Cunha.
Nem que ele saiba o endereço do ET de Varginha ou tenha a fórmula do elixir da longa vida.
Eduardo Cunha com uma tornozeleira na pérgula de uma piscina seria a desmoralização da Lava Jato.
SINAL DOS CÉUS
Numa trapaça da fortuna, na mesma semana em que estimulou um projeto que pretende conter abusos de autoridade (ele nega que isso tenha ver com a Operação Lava Jato), Renan Calheiros defendeu a legalização da tavolagem, também conhecida com “jogos de azar” e a Lava Jato encarcerou o contraventor Carlinhos Cachoeira.
Se tudo isso fosse pouco, o projeto dos abusos de autoridade será discutido numa comissão presidida pelo senador Romero Jucá. Na sua conversa com Sérgio Machado, ele foi profético: tem que mudar o governo para “estancar essa sangria”.
O governo já mudou.
EUNÍCIO
O cearense Eunício de Oliveira será o próximo presidente do Senado.
BOLSA CURITIBA
Pelo menos um freguês da Lava Jato que vive em prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica já desabafou com um amigo que há ocasiões em que pensa em pedir ao juiz Sergio Moro para hospedá-lo por uns dias na carceragem de Curitiba.
No tempo das vacas gordas seu casamento já não era um conto de fadas. Agora a prisão domiciliar funciona como um regime fechado de convivência obrigatória com a patroa.
O cidadão argumenta que na carceragem ninguém recrimina o outro por ter delinquido.
EREMILDO, O IDIOTA
Eremildo é um idiota, vinha apoiando o governo Temer sem saber por quê, mas acredita que matou a charada.
Temer tem um compromisso genérico com a contenção de despesas do governo e outros, específicos, com grupos de pressão interessados em detonar a Bolsa da Viúva.
Homem de palavra, cumpre todos.
NÃO PASSARÃO
Os organizadores de manifestações em defesa de Dilma Rousseff bem que poderiam dispensar o grito de guerra “Não Passarão”.
Ele encanta a esquerda, mas não traz sorte. O “no passarán” celebrizou-se durante a Guerra Civil Espanhola, na voz da comunista Dolores Ibárruri, chamada de “La Pasionaria”. As tropas do general Francisco Franco passaram e sua ditadura durou 36 anos, até 1975.
“La Pasionaria” fugiu para Moscou e morreu em Madri, três meses depois da queda do Muro de Berlim. Desde então, os alemães passam livremente pela porta de Brandemburgo.
RECORDAR É VIVER
Enquanto Dilma e o PT tentam entender quando a vaca companheira foi para o brejo, vale a pena lembrar que há momentos em que um governante toma uma decisão capaz de engrandecê-lo.
Durante o apogeu do milagre econômico dos anos 70, poderosos ministros do general Emílio Médici articularam um projeto de prorrogação do seu mandato. Com censura à imprensa, DOI-Codi e a economia crescendo a 10% ao ano, sua popularidade sempre esteve acima da marca dos 60%.
Médici não quis conversa, deixou o governo em 1974 e foi para seu apartamento na rua Júlio de Castilhos, em Copacabana. Mais tarde reconheceria que se livrou de uma boa.
Quem acabou com Dilma foi a roubalheira feita pelo PT cujo comando sempre esteve com o Lula. Cadeia neles
Papo furado, a querida companheira é culpada sim por estarmos hoje no fundo do poço, o 51 e os demais quadrilheiros como ele também tem parte neste desastre todo. Aí não há inocentes, esta cambada toda é culpada, o presidento também tem sua parte de culpa, foi vice da querida companheira, por isto já é culpado.
Dilma é uma cabeça dura que se isolou, não sabe nem escolher uma equipe decente pra comandar o país, o triste de ela sair é que entraram esses bandidos do PMDB que o Machado delatou, alias só a Lava-Jato salva esse país!