VARÕES DA REPÚBLICA
JOSÉ SARNEY, deputado, governador, senador por dois Estados, vice-presidente e presidente da República, presidente do Senado Federal, presidente do PDS, partido da ditadura militar e dirigente do PMDB, eminência parda na sexta república
Eu sou assim
Dilma decidiu não depor na comissão do impeachment. Fez mal, deveria depor. Não iria perder seus devotos, mas teria chance de converter os apóstatas. Problema só um, a arrogância, parte indissociável de seu ser. O camelo passa pelo buraco da agulha e a mulher não baixa a crista. Nem para fingir.
Meio ilegal, meio injusta
“A prisão era absolutamente ilegal, profundamente injusta”. Dá arrepios a frase do doutor Juliano Breda, novel advogado de Paulo Bernardo, o ex-ministro do Planejamento preso pela PF. Não há como nem por que desmerecer o juízo do advogado. Quando nada por, na presidência da OAB do Paraná, ter lançado movimento contra a corrupção, investigada na Lava Jato. Mais, ele convenceu o ministro Dias Toffoli da ilegalidade da prisão do cliente.
Mas sempre fica aquele enrosco dos advérbios: absolutamente, profundamente. Explico. Ilegal não bastaria, já que é valor absoluto? E injusta, idem ibidem, também pelo lance do absoluto? A gente, leitor leigo, espectador ansioso e eleitor indignado fica naquela de pensar que se a prisão fosse só um pouquinho ilegal e qualquer coisa apenas de injusta o ex-ministro deveria permanecer preso?
Superfaturamento do bem
Dilma desiste dos aviões da FAB, liberados para seu uso contra pagamento pela juíza de Porto Alegre. Vai de jato alugado. O preço da FAB é mais alto – ou mais caro, como diria a presidenta – que o da aviação particular. Nunca antes na história desse país o Estado superfatura seu preço. O normal é o Estado pagar superfaturado nos negócios com os particulares. Temos que creditar o avanço à presidenta stand by.
Malandragem cega
O senador Dario Berger (PMDB/SC) deve devolver R$ 4,2 milhões ao município de Florianópolis. Quando prefeito, pagou por shows, inclusive do tenor Andrea Bocelli, que não se realizaram, e não teria estornado o dinheiro para o caixa. Político mutreteiro é coisa normal no Brasil. Político impiedoso, que rouba dinheiro de merenda, de remédio para o povo, de hospital, é mais comum que xixi no muro.
Berger inova: terá sido o primeiro político a tirar dinheiro de cego. A quem só curte pagode, informo que Andrea Bocelli é cego. A fraude, se houve, teve requinte: Bocelli não cantou em Floripa, não recebeu o dinheiro, mas a conta saiu em seu nome. Roubar de cego é exclusividade do guia do cego. Se Berger fez a mutreta, passou a perna no guia do cego. Esperto como ele, nem Eduardo Cunha.
(ROGÉRIO DISTÉFANO)